O conflito bélico entre Rússia e Ucrânia, iniciado na quinta-feira (26), acendeu a luz amarela para investimentos em renda variável. Isso pois, sem saber como será o desenrolar da crise, tão pouco sua duração e consequências, fica difícil determinar de forma precisa qual será o impacto na carteira de ações de março, avaliam especialistas.
Mas, pelo que se pode enxergar no momento, há uma tendência de a inflação global, que já estava alta em razão da pandemia da covid-19, subir ainda mais, em razão da pressão sobre as cotações das commodities, petróleo, gás, grãos, minérios. Isso pode levar os bancos centrais a serem mais duros na retomada de alta de juros e pode gerar recessão mais à frente.
“Nesta primeira foto da situação, vemos como beneficiadas as ações de empresas de commodities e aquelas com reajuste tarifário pela inflação, como setor elétrico. Já varejo, incorporadoras, educação acabam ficando do lado oposto”, disse Pedro Galdi, analista da Mirae Asset, destacando que ainda faltam dados para se enxergar ao certo os desdobramentos da crise.
Rodrigo Crespi, da Guide Investimentos, acrescenta à lista as empresas que dependem fortemente de derivados de petróleo, como as companhias aéreas, e os frigoríficos, que demandam insumos agrícolas, no caso os grãos, base da ração de aves e suínos. Esses dois grupos podem ver as suas margens se comprimirem com a pressão de custos.
Os bancos também podem sofrer grandes oscilações nos próximos dias, não tanto pelos indicadores internos, mas seguindo movimento de queda dos seus pares internacionais.
O consenso entre todos analistas é que os próximos dias serão de larga volatilidade, principalmente dos papéis das empresas chamadas ‘de crescimento’, devido à perspectiva de juros mais altos, que afeta diretamente sua avaliação.
De qualquer forma, apesar das incertezas, a recomendação é não realizar movimentos precipitados nas carteiras de ações. “Pensamos que não é a hora de vender a qualquer preço”, afirma Lorena Laudares, da Órama Investimentos, defendendo ao mesmo tempo a cautela também para exposição ao risco.
Ela diz que, apesar de as cotações do petróleo e do ouro serem mais sensíveis ao conflito, as bolsas devem sofrer mais, por estarem acima dos seus valuations, o que pode desencadear novas realizações de lucros.
“Já vínhamos apontando para a boa relação risco-retorno da renda fixa. Nesses momentos adversos fica ainda mais evidente a importância da diversificação das carteiras e das proteções”, afirma.
Confira a carteira de ações recomendadas para março
Com relação às recomendações de Top Picks para a próxima semana, a Ágora manteve em sua carteira para março apenas Itaúsa (ITSA4) e Taesa (TAEE11). Foram substituídas Ambev (ABEV3), Multiplan (MULT3) e Petrobras (PETR4) por Lojas Renner (LREN3), Suzano (SUZB3) e Vibra (VBBR3).
A Ativa ficou com Bradesco (BBDC4), mas tirou as demais: Cosan (CSAN3), Embraer (EMBR3), EzTec (EZTC3) e Santander (SANB11). Ingressaram: Gerdau (GGBR4), Banco Inter (BIDI11), JBS (JBSS3) e Via (VIIA3).
O BB Investimentos trocou quatro empresas: Equatorial Energia (EQTL3), JSL (JSLG3), Multiplan e Rede D’Or (RDOR3) foram retiradas e entraram no lugar B3 (B3SA3), Intelbras (INTB3), Taesa e Vale (VALE3).
Da carteira da Elite saiu apenas Petrobras e entrou M. Dias Branco (MDIA3). Permaneceram Gerdau, Marfrig (MRFG3), PetroRio (PRIO3) e Vale. A Guide substituiu três ações. Banco do Brasil (BBAS3), Petrorio e Vale deram lugar a Gerdau, Marfrig e Petrobras. Permaneceram Bradesco e Tim (TIMS3).
A Mirae manteve Petrobras e Vale, e trocou Gerdau, Randon (RAPT3) e Santos Brasil (STBP3) por CSN Mineração (CMIN3), Isa Cteep (TRPL3) e Taesa.
A ModalMais tirou todas as ações de sua carteira. Saíram Banco do Brasil, CCR (CCRO3), Cosan (RLOG3), Fleury (FLRY3) e Localiza (RENT3). Entraram B3, Bradesco, Minerva (BEEF3), Sanepar (SAPR11) e Vale.
O MyCap fez apenas uma alteração, de ABC Brasil (ABCB4) por Embraer. Permaneceram Petrorio, Rumo (RAIL3), Telefônica Vivo (VIVT3) e Vale.
A Órama, por outro lado, manteve apenas uma ação, a Taesa, e trocou as demais. Entraram CPFL Energia (CPFE3), Intelbras, Kepler Weber (KEPL3) e Telefônica no lugar de Blau Farmacêutica (BLAU3), Cielo (CIEL3), Enauta (ENAT3) e Porto Seguro (PSSA3).
A Planner também fez só uma mudança na sua carteira de ações de março. Saiu Unifique (FIQE3) e entrou no lugar Copel (CPLE6). As demais permaneceram: Ferbasa (FESA4), Gerdau, JHSF (JHSF3) e Vale.
(Com informações da Agência Estado)
Notícias Relacionadas