A Black Friday 2025 já não é apenas uma maratona de ofertas. Ela se tornou um dos períodos mais perigosos do calendário digital brasileiro, um ambiente onde promoções relâmpago dividem espaço com golpes cada vez mais sofisticados. Marcada para 28 de novembro, a data deve movimentar bilhões no e-commerce, mas também deve registrar um volume histórico de tentativas de fraude impulsionadas pela inteligência artificial.
O Brasil ocupa hoje a segunda posição mundial em interesse pela Black Friday, com 387 mil buscas pela data, evidenciando o peso da temporada para o varejo. Mas quanto maior o fluxo, maior a vulnerabilidade. Segundo dados divulgados pela TLD com base no Akamai Fraud and Abuse Report 2025, só nos últimos 12 meses o país registrou 553 milhões de detecções de phishing, liderando disparado o ranking na América Latina. E, apenas no primeiro trimestre deste ano, foram quase 3,5 milhões de tentativas de fraude, um salto de 22,9% em relação a 2024.
A equação que se desenha é clara: consumidores ainda buscam as ofertas, mas criminosos passaram a buscá-los com a mesma intensidade.
Interesse cai, e desconfiança cresce
A nova onda de golpes chega em um momento em que o entusiasmo pela Black Friday perde força. Uma pesquisa do Hibou, em parceria com a Score Agency, mostrou que 45% dos consumidores pretendem comprar na data — queda de 9 p.p. em relação ao ano passado. A jornada de pesquisa também mudou: 22% começaram a comparar preços ainda em agosto e setembro, enquanto 17% só iniciaram o processo no começo de novembro.
Já o estudo do Ibevar com a FIA Business School reforça que o ciclo de atenção da Black Friday atingiu um ponto de inflexão. O interesse, que cresceu por quase dez anos, agora cai de forma consistente. O índice geral de engajamento é de 394 pontos em 2025, redução de 48,4% desde o pico de 2019 — e queda de 9,13% em um ano.
Quando o golpe fica mais rápido que o desconto
Por trás das vitrines virtuais, a inteligência artificial é o novo “motor”, e também a nova arma. Segundo o Akamai Fraud and Abuse Report 2025, a atividade de bots maliciosos com IA cresceu mais de 300% em um ano, e o Brasil lidera a região em interações fraudulentas.
Os ataques evoluíram: páginas falsas são criadas e derrubadas em minutos, promoções fraudulentas replicam o design de grandes varejistas com precisão milimétrica e golpes capturam dados sensíveis com a mesma velocidade com que o consumidor clica em “comprar”. Durante a Black Friday de 2024, foram 17,8 mil tentativas de fraude em poucas horas, gerando R$ 27,6 milhões em golpes evitados. Para 2025, o e-commerce brasileiro deve movimentar R$ 13,34 bilhões.
Rafael Dantas, Head de Segurança Cibernética da TLD, alerta que o risco hoje é permanente e silencioso:
“Durante a Black Friday, cada clique é um potencial alvo e cada dado transacionado carrega um valor estratégico”, afirma. Para ele, a IA passou a ser a linha de defesa mais eficiente. “A inteligência artificial deixou de ser apenas uma ferramenta; hoje, ela é a linha de defesa mais inteligente da cibersegurança, capaz de antecipar padrões, bloquear ataques em segundos e proteger a experiência do consumidor sem interromper o negócio.”
Nos bastidores, sistemas de IA ajudam a evitar manipulação de preços, blindam servidores e monitoram comportamentos suspeitos em tempo real.
Como não cair em golpes
Com o aumento dos ataques, especialistas recomendam cuidados simples — e essenciais — para evitar prejuízos. Verificar o domínio do site antes de comprar ajuda a identificar páginas falsas. Desconfiar de descontos muito acima da média reduz o risco de cair em promoções fraudulentas. Evitar links recebidos por SMS, WhatsApp ou e-mail é fundamental, já que o phishing segue como principal porta de entrada para golpes. Comprar via aplicativos oficiais das lojas e utilizar cartões virtuais também reduz drasticamente a exposição.
Em uma Black Friday marcada por avanços tecnológicos e ameaças mais rápidas que as ofertas, atenção e cautela se tornaram os maiores aliados do consumidor.
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