O Banco do Brasil (BBAS3) pode se beneficiar da Medida Provisória anunciada pelo governo nesta semana, segundo relatório divulgado pelo BTG Pactual. A iniciativa prevê novas condições para a renegociação de dívidas rurais, o que pode aliviar pressões sobre o balanço da instituição.
A MP 1.314/2025 foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União na última sexta-feira (5) e é assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O texto autoriza a utilização de até R$ 12 bilhões de recursos do Tesouro Nacional, repassados via BNDES, para a liquidação ou amortização de dívidas de produtores e cooperativas.
Além disso, a medida também abre espaço para renegociações com recursos livres das próprias instituições financeiras. Pequenos e médios produtores rurais terão prioridade no acesso às linhas, e operações já prorrogadas ou renegociadas, inclusive no âmbito do Pronaf e do Pronamp, também poderão ser contempladas.
Relatório aponta impactos da MP para o Banco do Brasil (BBAS3)
No relatório, o BTG destacou que a MP cria duas linhas de crédito. A primeira, de até R$ 12 bilhões, utiliza recursos do Tesouro com juros entre 6% e 10% ao ano e prazo de até nove anos. A segunda será oferecida com recursos próprios do banco, com taxas de mercado.
O relatório do BTG também analisou alterações recentes nas normas contábeis que beneficiam o crédito rural. Entre elas está a Instrução Normativa nº 643 do Banco Central, que permite que créditos renegociados no âmbito de medidas do Conselho Monetário Nacional não sejam automaticamente classificados como reestruturados.
Essa mudança abre caminho para que determinados empréstimos em estágio 3, mas sem inadimplência, sejam reclassificados para estágios 1 ou 2. Assim, os juros passam a ser reconhecidos no regime de competência e não apenas no regime de caixa.
Segundo o documento, a combinação de menores custos de captação, maior duração e benefícios de capital é definitivamente positiva. “Em nossa compreensão, esses últimos anúncios podem ser bastante favoráveis ao BB”, diz o texto.
O aumento da inadimplência no crédito rural é apontado como um dos principais desafios para o Banco do Brasil nos próximos trimestres. O banco concentra boa parte dessas operações em seu balanço, o que pressiona a necessidade de provisões e eleva o risco de perda de clientes estratégicos.
Nesse contexto, as medidas podem ajudar a reduzir parte dessas pressões, ao oferecer novas alternativas de renegociação para produtores afetados por eventos climáticos. A expectativa do mercado é que a combinação de regras mais flexíveis e linhas de crédito específicas traga reflexos positivos para os papéis do Banco do Brasil (BBAS3).
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