A Azul iniciou esta terça-feira (23) com uma mudança relevante para seus investidores. As ações preferenciais da companhia deixaram de ser negociadas sob o código AZUL4 e passaram a adotar o novo ticker AZUL54, movimento que ocorre em meio a uma ampla reestruturação de capital e ajudou a pressionar os papéis no pregão de hoje.
A alteração faz parte do processo de reorganização financeira da aérea, que envolve uma oferta bilionária de ações voltada à conversão de dívidas em capital. Com isso, muda não apenas o código de negociação, mas também a forma como os papéis passam a ser negociados na B3.
Na prática, as ações preferenciais agora operam em um lote padrão de 10 mil ações, com fator de cotação ajustado. O preço exibido na tela representa o valor do lote, e não mais o valor unitário de cada ação.
Por que o ticker da Azul mudou
Segundo a companhia, a mudança foi uma necessidade operacional. O preço por ação definido na oferta é extremamente baixo, de R$ 0,01014 para as ações preferenciais e de apenas R$ 0,00013 para as ordinárias. Como os sistemas da B3 não permitem negociações abaixo de um centavo, a solução foi agrupar os papéis em grandes cestas.
Com isso, o antigo AZUL4 sai de cena e dá lugar ao AZUL54, enquanto as ações ordinárias da nova oferta passarão a ser negociadas a partir de janeiro de 2026 sob o código AZUL53, com lote padrão ainda maior, de 1 milhão de ações.
Um movimento semelhante já havia sido adotado recentemente pela Gol, que também alterou seu ticker durante o processo de reestruturação financeira.
Papéis caem forte no pregão
A mudança na forma de negociação teve impacto imediato no mercado. Por volta das 13h51, as ações AZUL54 apareciam cotadas a R$ 4.999,99 por lote, o que equivale a um valor unitário de aproximadamente R$ 0,50 por ação. Na comparação com o fechamento da véspera, quando AZUL4 encerrou o pregão a R$ 0,81, a queda foi de cerca de 38%.
O recuo reflete não apenas o ajuste técnico provocado pela mudança do fator de cotação, mas também a leitura do mercado sobre a oferta bilionária que deve provocar diluição relevante para os atuais acionistas.
Oferta bilionária e troca de dívida por capital
A Azul protocolou o pedido de registro de uma oferta pública de ações que pode movimentar cerca de R$ 7,44 bilhões. A operação envolve a emissão de 723,8 bilhões de ações ordinárias e o mesmo volume de ações preferenciais, com foco na capitalização obrigatória de dívidas financeiras no âmbito do processo de Chapter 11 nos Estados Unidos.
“A oferta está inserida na reestruturação da companhia e representa a primeira oferta pública de registro dentre as duas planejadas”, afirmou a Azul em comunicado. A empresa também alertou que captações adicionais podem expor investidores ao risco de diluição relevante.
Com a conclusão da operação, a Azul deve deixar de ter um acionista controlador definido, passando a operar como uma corporation, com capital pulverizado no mercado.
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