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Mesmo em crise, Americanas (AMER3) pode aumentar salário de filho de Lemann; entenda

Jorge Paulo Lemann. Foto: CNN Brasil

Jorge Paulo Lemann. Foto: CNN Brasil

Mesmo com a grave crise financeira enfrentada pela Americanas (AMER3), a varejista quer elevar em quase 10% a remuneração dos integrantes do conselho de administração. Um dos conselheiros que pode ter seus proventos turbinados é Paulo Alberto Lemann, filho de Jorge Paulo Lemann, acionista de referência do negócio.

De acordo com um mapeamento feito pelo jornal Valor Econômico com base em dados disponíveis na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a remuneração total proposta para o conselho da Americanas é de R$ 5 milhões, valor dividido entre seus sete membros.

Caso a proposta seja aprovada na Assembleia Geral e Extraordinária marcada para 29 de abril, cada integrante do conselho receberá cerca de R$ 714 mil. No ano passado, a quantia mensal paga para cada conselheiro foi, em média, R$ 651,4 milhões.

Além do filho de Lemann, o conselho de administração da Americanas é composto atualmente por Carlos Alberto Sicupira, Claudio Barreto Garcia e Eduardo Saggioro Garcia, Sidney Victor da Costa Breyer, Mauro Not e Vanessa Claro Lopes. Todos eles estão indicados para seguirem nesses cargos em 2023.

Ou seja, Paulo Alberto Lemann terá seu salário aumentado caso os acionistas aprovem sua permanência no conselho e o reajuste nos proventos dos conselheiros e gestores de alto escalão.

Enquanto isso, o salário da nova diretoria deve ser reduzido em 29,4%. Para 2023, o orçamento total para o pagamento dos membros da diretoria é de R$ 35 milhões, cerca de R$ 5 milhões para cada um. Atualmente, a estrutura conta com sete diretores.

Ano passado, a diretoria tinha quatro membros estatuários e o orçamento total foi de R$ 49,6 milhões — cerca de R$ 12,4 milhões por diretor.

Americanas em recuperação judicial

Atualmente, a varejista está em recuperação judicial com débitos que ultrapassam a casa dos R$ 40 bilhões. A crise contábil na Americanas explodiu no começo do ano, quando Sérgio Rial, então CEO da varejista, revelou ter encontrado inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões.

João Pedro Nascimento, presidente da CVM, disse que a crise na Americanas colocou os negócios de Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira na mira da autarquia. Na terça (28), o executivo participou de uma audiência no Senado sobre o tema e chamou o escândalo contábil da varejista de “lamentável e gravíssimo”.

“Sem querer tirar conclusões, os acionistas controladores têm políticas bastante agressivas sobre contabilização de despesa, buscando tirar o maior prazo possível dos fornecedores. As políticas dos acionistas controladores nos deixam atentos a outras empresas de que participam”, argumentou Nascimento durante uma audiência pública no Senado Federal sobre a crise na Americanas.

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