Taxa de juros em 2023: qual será o comportamento da Selic?

A taxa básica de juros da economia brasileira, conhecida como taxa Selic, é um instrumento importantíssimo para economia e balizador de diversos ativos no mercado financeiro. Ela tem influência em todas as taxas de juros do país, como a dos empréstimos, financiamentos e das aplicações financeiras, como LCI, LCA, poupança e Tesouro Direto.   

Mudanças nessa taxa impactam diversos setores da economia, como a demanda por crédito, endividamento das empresas e rentabilidade dos investimentos. Por isso é importante acompanhar a taxa de juros em 2023. 

Quando a Selic sobe, ela torna os investimentos em renda fixa mais atrativos, fazendo com que os investidores saiam de renda variável em direção aos ativos de menor risco. Isso também vale para quedas dos juros, já que estas aumentam a atratividade da renda variável e o apetite por risco dos investidores, além de tornar as condições no mercado imobiliário mais favoráveis.

Por isso, os investidores precisam conhecer quais serão as perspectivas para a taxa de juros no ano que vem para compreender como isso pode afetar suas decisões de investimentos e na estratégia de aportes mensais.

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O conteúdo abaixo faz parte do nosso Guia completo dos melhores Investimentos para 2023.

Em 2022, o Banco Central (BC) encerrou o ciclo de alta de juros. Esse movimento se iniciou em março de 2021, quando a Selic estava em 2,00% a.a., e encerrou em agosto a 13,75% a.a. – um crescimento de 11,25 p.p.

Vale lembrar que, o principal objetivo do BC é controlar os preços e levar a inflação ao redor da meta estipulada. Porém, atualmente, há incertezas em seu cenário que podem impactar positivamente ou negativamente a inflação. Isso afeta a sua decisão de manter, aumentar ou diminuir a taxa de juros. 

Listaremos a seguir alguns riscos monitorados pela autoridade monetária. Sinal (+), fator que pressiona a inflação, e (-), fator baixista:

  • (+) uma maior persistência das pressões inflacionárias globais: novos choques sobre o mercado de commodities, desabastecimento de gás na Europa e lentidão na normalização das cadeias produtivas podem elevar a inflação global acima do esperado. O Brasil acaba importando essa inflação externa via aumento dos preços dos insumos e com uma tendência de câmbio mais desvalorizado.
  • (+) risco fiscal: a incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do país e estímulos fiscais adicionais que impliquem sustentação da demanda agregada. Por um lado, atividade mais aquecida pressiona os preços, por outro, a falta de perspectivas de reformas sobre os gastos públicos irá afetar o câmbio e, consequentemente, os preços dos importados, custos das empresas, gerando inflação.
  • (+) um hiato do produto mais estreito do que projetado: o hiato é a diferença entre o PIB e o PIB potencial. Ele é um bom indicador de oscilações da economia. Se o hiato é positivo, quer dizer que atividade econômica está mais aquecida que o seu ideal, isso vai gerar inflação e reduzir o desemprego. 

Caso, o hiato seja negativo, a atividade está abaixo da sua tendência de longo prazo, existe uma capacidade ociosa não utilizada, as pressões inflacionárias diminuem e o desemprego aumenta. 

Atualmente, o hiato está negativo. Mas caso essa diferença seja menor do que o BC acredite, ou seja, PIB atual estaria mais próxima do ideal, o aquecimento da atividade poderia gerar efeitos altistas sobre a inflação – dificultando seu objetivo de convergir a inflação para o centro da meta.

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  • (-) uma queda adicional dos preços das commodities: o efeito direto é redução dos preços dos combustíveis via reajustes da Petrobras. Com menores custos, as empresas repassariam um menor valor a seus produtos. A disseminação da inflação da economia cai.
  • (-) Uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada: se o mundo cresce menos, a tendência é a demanda mundial por bens e matérias primas também ser menor, gerando uma queda dos preços. Se o mundo entrar em uma recessão, provavelmente, teremos uma desaceleração da inflação global.
  • (-) A manutenção dos cortes de impostos projetados para serem revertidos em 2023: caso as desonerações do PIS/Cofins sobre a gasolina e outros combustíveis realizadas em 2022 se mantenham, pode ajudar o IPCA.

Se os riscos altistas, com sinal positivo, começarem a pesar mais no cenário do Banco Central e, piorarem as expectativas do mercado, ele poderá elevar a taxa de juros. Da mesma forma, se enxergamos um processo de desinflação na economia brasileira e a autoridade monetária se sentir segura de que não irá perder sua credibilidade, poderemos ver uma queda da Selic.

Diante de todos os riscos, até onde chega a Selic em 2023?

Após anos em que sua capacidade de sobreviver frente à concorrência maior e mais ágil foi questionada, os grandes bancos brasileiros chegam a 2023 com a balança pendendo fortemente para seu lado.

Projeção para Taxa de Juros 

cenários para a selic em 2023

Elaboração e Projeção: Suno Research

O grande problema é que se não fizemos as lições de casa, riscos altistas pesarem mais no balanço, tivermos choques que dificultem o processo de desinflação ou desancorem as expectativas de inflação, o Copom já comunicou que pode voltar a subir a Selic: 

“O Comitê se manterá vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período suficientemente prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação.”

O que pode alterar o cenário para a taxa Selic, é um crescimento do risco fiscal do país e uma má discussão sobre um novo arcabouço fiscal. O impacto da política fiscal expansionista afeta a política monetária em duas dimensões.

No curto prazo, afeta os ânimos do mercado, impacta positivamente a atividade econômica e eleva as expectativas de inflação. No longo prazo, reduz a credibilidade do arcabouço fiscal do país.

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A autoridade monetária vem sinalizando isso em suas atas e, presidente mais diretores, tem declarado preocupação com este problema.

Um olho no equilíbrio fiscal é necessário para autoridade monetária não tomar uma atitude mais tempestiva. Com uma deterioração do cenário, principalmente, do inflacionário, o Banco Central terá que subir juros para cumprir com seu objetivo de levar inflação ao redor da meta. A autonomia do Banco Central – ou seja, a não interferência política – dá poder a ela.

Mas, em nosso cenário base, enxergamos uma queda dos juros em 2023.

Onde investir com a taxa de juros em 2023?

Apesar das incertezas com relação à Selic, as taxas de juros devem se manter em patamares elevados em 2023. Sendo assim, é fundamental compreender onde investir para encontrar as melhores oportunidades de investimentos e definir as estratégias de aporte mensal para o ano.

Renda fixa com a taxa de juros em 2023

De acordo com o nosso head de Renda Fixa, Vinícius Romano, no âmbito de alocação entre os ativos de renda fixa, entendemos que o patamar atual da Selic Meta proporciona um bom retorno com um baixo risco para os ativos pós-fixados. Já que estes não sofrem com volatilidade e são proporcionalmente impactados pela movimentação da taxa básica de juros.

No caso dos títulos indexados à inflação (IPCA+), entendemos que apesar da contínua queda nas expectativas de inflação de curto prazo, o IPCA segue acima do limite superior da meta do BC para 2023. Este fato possibilita um ganho no “carrego” destes ativos, além de um juro real atrativo.

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Renda variável com a taxa de juros em 2023

Taxas de juros afetam o valuation das empresas, ou seja, o processo de estimar o valor de uma companhia. Dessa forma, juros altos acabam diminuindo o valuation, impactando negativamente o preço das ações.

Além disso, existem setores dentro da bolsa que são mais impactados pela Selic. Por exemplo, os segmentos bancário e seguradoras tem uma relação positiva com a Selic, já que uma fonte importante das receitas dessas companhias são as aplicações em títulos públicos.

Por outro lado, os setores de construção civil e varejo são impactados negativamente, já que o aumento dos juros encarece o crédito, inibindo o consumo e a demanda por financiamentos imobiliários.

Porém, são nesses momentos que empresas sólidas e com bons fundamentos costumam ficar mais baratas, proporcionando maior potencial de valorização.

Em suma, acompanhar os movimentos da taxa de juro é essencial para o investidor que busca encontrar oportunidades nos diferentes mercados e diminuir os riscos de sua carteira. E, não tente adivinhar os movimentos do Banco Central, isso é uma tarefa extremamente difícil. 

Diante da volatilidade e das incertezas, se mantenha em sua estratégias e foco no longo prazo. 

E então, conseguiu compreender melhor o contexto econômico que envolve a taxa de juros em 2023? Deixe abaixo suas dúvidas e comentários sobre esse assunto.

Esse conteúdo foi produzido pelos analistas: Gustavo Sung e Rafael Perez.

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    Suno
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    1 comentário

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    • Salete 24 de dezembro de 2022
      Preciso fazer um empréstimo, estou em dúvida se faço ainda este ano, ou espero pra fazer em janeiro de 2023, será que os juros irão subir no ano de 2023?Responder