O investidor, escritor e co-fundador da Oaktree Capital Management, Howard Stanley Marks analisou com produnfidade os temas que circundam o universo do risco ao longo de sua carreira. Nesta edição, introduziremos a visão do bilionário sobre o assunto.
O real significado de risco
A literatura acadêmica defende que a quantificação do risco se dá através da volatilidade. Marks acredita que isso ocorre, pois a volatilidade é mensurável e pode ser, portanto, utilizada em modelos matemáticos das teorias de finanças modernas.
Entretanto, apesar da volatilidade ser quantificável, ela não representa o real sentido do risco. Marks não acredita que boa parte dos investidores teme a volatilidade. O que eles realmente temem é a perda permanente de capital.
O escritor acredita que a probabilidade de perda permanente de capital é tão mensurável quanto à probabilidade de chover. Os indivíduos podem estimá-la, e especialistas conseguem fazer isto bem, porém ela não pode ser mensurada com exatidão.
Isso se deve ao fato do futuro ser imprevisível. As variáveis que regem os acontecimentos futuros são incontáveis e nem o melhor especialista pode prever o que ocorrerá com o mercado nos próximos anos.
Marks tem a mesma crença de John Kenneth Galbraith, que defende a existência de apenas dois tipos de indivíduos que preveem o futuro: aqueles que não sabem o futuro e aqueles que não sabem que não sabem o futuro.
Risco e Retorno
A teoria das finanças modernas defende que existe uma relação de proporcionalidade positiva entre risco e retorno. Quanto maior o risco, maior o retorno. O gráfico a seguir expressa tal relação.
Muitas vezes esse conceito é mal compreendido e as pessoas acreditam que investindo em ativos onde o risco é maior, os retornos serão maiores. Isto não se comprova na realidade.
De fato, segundo Marks, “investimentos que parecem mais arriscados aparentam ter maior probabilidade de entregar retornos elevados, caso contrário as pessoas não realizariam o investimento”.
Investimentos arriscados, por definição, não garantem retornos elevados, porém tais retornos podem ocorrer. Para incluir o conceito da imprevisibilidade futura, Marks propôs outra forma de analisar a relação de risco e retorno. Tal relação é apresentada no gráfico a seguir.
Com essa visão adaptada, o escritor propõe que existe a mesma relação de proporcionalidade positiva entre risco e retorno, porém como os retornos dos investimentos estão associados ao futuro e este é incerto, não há uma única possibilidade de retorno em uma faixa de risco.
Aliás, quanto maior o risco, maior a possibilidade de retorno, bem como a possibilidade de perda. A palavra “possibilidade” é o grande diferencial.
O primeiro gráfico proposto, aquele apresentado pela academia, traz a ideia de que quanto maior o risco maior o retorno.
Marks, por outro lado, cria diversas possibilidades, o que expressa de maneira muito mais confiável a realidade. Conhecendo muito bem as possibilidades de investimento, você pode encontrar oportunidades de obter retornos elevados correndo riscos moderados.
Deste modo, o investidor conclui que quanto maior o risco, maiores as expectativas de retorno e maior o range de possibilidades de resultados, tanto em termos de ganhos quanto de perdas.