Quem é Luiz Barsi?
Luiz Barsi Filho, nascido em 10 de março de 1939, em São Paulo, é amplamente reconhecido como o maior investidor pessoa física da Bolsa de Valores brasileira. Conhecido como o “Rei dos Dividendos” e frequentemente apelidado de “Buffett brasileiro” — em alusão ao megainvestidor norte-americano Warren Buffett —, Barsi construiu sua fortuna investindo em ações de empresas sólidas e com histórico consistente de distribuição de proventos. Sua trajetória inspira investidores que buscam independência financeira com foco em estratégias fundamentadas no longo prazo.
Filho de imigrantes — mãe espanhola e pai italiano —, Barsi teve uma infância simples no bairro do Brás, tradicional reduto operário da capital paulista. Cresceu em um cortiço e, após perder o pai ainda criança, começou a trabalhar desde cedo. Aos nove anos, já era engraxate nas ruas de São Paulo. Também foi vendedor de balas em cinemas e ajudante na pequena alfaiataria montada por sua mãe. Mesmo com a fortuna acumulada ao longo das décadas, Barsi mantém hábitos discretos e simples. Em entrevistas, já contou que só tomou banho quente pela primeira vez após os cinco anos de idade — e que até hoje costura os próprios botões.
Em 2025, aos 86 anos, segue atuante no mercado financeiro. Sua fortuna é estimada em cerca de R$ 4 bilhões, concentrada majoritariamente em ações. Segundo projeções do mercado, recebe mais de R$ 1 milhão por dia em dividendos, resultado de décadas de disciplina, reinvestimento de proventos e dedicação a uma filosofia de investimento sólida.
Trajetória profissional
Filho de imigrantes — mãe espanhola e pai italiano —, Luiz Barsi enfrentou dificuldades financeiras desde a infância. Após perder o pai com apenas um ano de idade, começou a trabalhar muito jovem. Aos sete anos, já atuava como engraxate nas ruas de São Paulo, e posteriormente acumulou funções como vendedor de balas, aprendiz de alfaiate e gráfico.
Mesmo diante das limitações sociais e econômicas, sua mãe priorizou a educação: insistia para que o filho não faltasse às aulas e garantisse boa alimentação para manter o foco nos estudos. Esse compromisso familiar com o aprendizado pavimentou o caminho para a formação técnica e acadêmica de Barsi.
Seu primeiro contato direto com o mercado financeiro ocorreu após a obtenção do diploma de técnico em contabilidade. Em seguida, formou-se em Ciências Atuariais, Direito — pela Faculdade de Direito de Varginha (MG) — e Economia, pela Faculdade de Economia, Finanças e Administração de São Paulo. Essas formações forneceram o ferramental necessário para interpretar balanços, entender o funcionamento das empresas e avaliar o cenário macroeconômico e político do país — fundamentos que até hoje guiam suas decisões como investidor.
Nos anos 1960, iniciou sua carreira em uma corretora de valores. Já na década de 1970, criou o conceito de carteira previdenciária de ações, focada em empresas de alta qualidade, com histórico consistente de pagamento de dividendos e negociadas a preços razoáveis. A proposta era clara: formar uma renda passiva recorrente para viabilizar a aposentadoria com base nos lucros das empresas, e não na especulação de curto prazo.
Barsi percebeu cedo que os altos e baixos do mercado — ainda que pudessem gerar ganhos momentâneos — não sustentariam um projeto de vida sólida. Em suas palavras, presenciou investidores ganharem o equivalente a um carro em um único dia, mas ficarem sem dinheiro para a gasolina no dia seguinte. Esse raciocínio marcou a virada de chave que definiu sua estratégia de longo prazo, com foco no acúmulo patrimonial via dividendos.
Como Luiz Barsi investe?
A estratégia de Luiz Barsi é ancorada no value investing, filosofia de investimento consagrada por nomes como Benjamin Graham e Warren Buffett. No Brasil, Barsi é um dos maiores expoentes dessa abordagem, aplicando-a com disciplina ao longo de mais de cinco décadas.
Seu foco está em empresas perenes, resilientes e com histórico consistente de distribuição de dividendos. Ele prioriza setores considerados essenciais para o funcionamento da economia, como energia elétrica, saneamento, instituições financeiras e seguradoras. Em sua visão, negócios que prestam serviços indispensáveis à população tendem a gerar caixa de forma recorrente e, consequentemente, distribuir lucros de forma previsível.
A seleção dos ativos é feita com base na análise fundamentalista, buscando companhias com bom histórico operacional, governança sólida e ações negociadas abaixo do valor intrínseco. Essa combinação permite adquirir participações em negócios lucrativos com potencial de valorização e geração de renda passiva no longo prazo.
Mais do que simplesmente comprar boas ações, Barsi reforça a importância da constância e do reinvestimento dos dividendos como pilares para a construção de um patrimônio sólido e sustentável. Seus ensinamentos são especialmente valiosos para investidores que buscam a independência financeira com base em fundamentos, e não em especulação.
O que é o método Barsi?
O método Barsi é uma filosofia de investimento de longo prazo que tem como base a aquisição recorrente de ações de empresas sólidas e resilientes, com histórico consistente de pagamento de dividendos. O objetivo é construir uma renda passiva estável por meio dos lucros distribuídos por essas companhias, garantindo independência financeira no futuro.
Inicialmente, Luiz Barsi estruturou sua estratégia de maneira simples, porém extremamente disciplinada: comprar mil ações da mesma empresa por mês durante 30 anos. Segundo ele, a partir do oitavo mês, os próprios dividendos recebidos já seriam suficientes para financiar as próximas compras, dispensando novos aportes do bolso.
O primeiro ativo escolhido foi a Companhia Energética de São Paulo (CESP), por seu histórico de dividendos semestrais com preferência mínima e pagamento obrigatório de 10% sobre o valor nominal das ações. Na época, Barsi visava acumular 100 mil ações da companhia, cujo preço girava em torno de R$ 0,50. Seu objetivo inicial era formar um patrimônio equivalente a US$ 5 mil, o que considerava mais acessível do que a compra de um carro popular. Com persistência, alcançou essa meta e, na sequência, passou a escalar sua estratégia com reinvestimentos dos dividendos.
Ações Garantem o Futuro
Além da prática, Barsi elaborou um estudo chamado “Ações Garantem o Futuro”, no qual analisou profundamente os setores econômicos com maior grau de perenidade — ou seja, aqueles indispensáveis para a sociedade. Concluiu que os segmentos com maior potencial de estabilidade eram: energia elétrica (geração, transmissão e distribuição), papel e celulose, bancos e saneamento. A partir daí, passou a concentrar sua carteira em companhias listadas da Bolsa que operavam nesses setores.
BEST — Bancos, Energia, Saneamento e Telecomunicações
Com o tempo, Barsi refinou sua filosofia e criou a sigla BEST — Bancos, Energia, Saneamento e Telecomunicações — como um atalho mental para identificar os setores que considera estratégicos. Esses ramos são considerados por ele mais estáveis, com alta demanda estrutural e maior previsibilidade de lucros, mesmo em tempos de crise. A pandemia da COVID-19, por exemplo, serviu como teste de estresse para essas empresas, que, em sua maioria, conseguiram manter operações e distribuir dividendos.
No entanto, o método Barsi não é uma receita infalível. Um exemplo citado por sua filha, Louise Barsi, é o caso da IRB Brasil (IRBR3) — empresa do setor de resseguros que sofreu uma desvalorização superior a 80% após problemas contábeis em 2020. Louise reforça que, mesmo em setores perenes, é fundamental realizar análises aprofundadas das empresas, avaliando indicadores financeiros, modelo de negócio e governança corporativa.
Mais do que uma técnica, o método Barsi representa uma filosofia de vida financeira, baseada na paciência, disciplina e convicção nos fundamentos. Ele demonstra que é possível construir uma fortuna — e uma aposentadoria confortável — comprando ações boas e baratas, e reinvestindo os dividendos ao longo do tempo.
Maiores posições da carteira de Luiz Barsi
A carteira de ações de Luiz Barsi reflete com precisão os princípios do value investing que norteiam sua filosofia de investimentos: foco em empresas sólidas, com forte geração de caixa e histórico consistente de distribuição de dividendos.
Ao longo dos anos, Barsi manteve posições relevantes em setores estratégicos — especialmente aqueles que compõem o acrônimo BEST (Bancos, Energia, Saneamento e Telecomunicações). Em 2025, suas principais participações concentram-se em companhias com alto payout e resiliência operacional. Entre os destaques estão:
- Banco do Brasil (BBAS3): com um payout entre 40% e 45%, é uma das principais fontes de dividendos da carteira.
- Banco Mercantil (BMIN4): mantém dividend yield elevado e constante, sendo um ativo de longo prazo.
- Taesa (TAEE11): referência entre os investidores de dividendos no setor elétrico.
- Unipar (UNIP6), Suzano (SUZB3), Klabin (KLBN4) e Cemig (CMIG4): empresas consolidadas que seguem como pilares estratégicos de sua carteira.
Além dessas, Barsi mantém participações em outras companhias alinhadas com sua visão de longo prazo:
- Isa Cteep (TRPL4): distribui dividendos de forma consistente, típica do setor de transmissão de energia.
- Paranapanema (PMAM3): companhia do setor de cobre com forte ciclo de valorização.
- Taurus Armas (TASA4): presente em sua carteira desde a época em que ainda se chamava Forja Taurus.
- IRB Brasil (IRBR3): apesar das perdas históricas e da reestruturação após escândalos contábeis, Barsi segue posicionado na empresa.
Mais empresas que fazem parte da carteira
Outro papel relevante é o da AES Brasil (AESB3), companhia em que o investidor detém pouco menos de 5% do capital, consolidando sua convicção no setor de energia renovável.
Apesar de algumas posições serem mantidas há décadas, Barsi também realiza ajustes pontuais. Em 2024, adicionou ações como Banrisul (BRSR6) e CSN Mineração (CMIN3) à sua carteira, com o objetivo de otimizar o retorno em dividendos, sem comprometer os critérios fundamentais de seleção: perenidade, lucratividade e distribuição de proventos.
Por outro lado, reduziu sua posição na Eternit (ETER3), afirmando que a companhia já não possui as mesmas características atrativas que justificaram o investimento original.
Luiz Barsi e a renda fixa
Barsi é conhecido por sua crítica à renda fixa, referindo-se a ela como “perda fixa”. Ele argumenta que os retornos oferecidos por esses investimentos são insuficientes para compensar a inflação e gerar crescimento patrimonial. No entanto, ele utiliza a renda fixa estrategicamente como reserva de oportunidade, mantendo recursos líquidos para aproveitar oportunidades na renda variável durante períodos de crise.
Qual a fortuna de Luiz Barsi?
Estima-se que o patrimônio de Luiz Barsi seja de aproximadamente R$ 4 bilhões, majoritariamente investidos em ações. Seus rendimentos com dividendos ultrapassam R$ 1 milhão por dia, evidenciando o sucesso de sua estratégia focada em geração de renda passiva.
Luiz Barsi hoje
Mesmo aos 86 anos, Luiz Barsi segue ativo no mercado financeiro brasileiro. Participa de eventos, concede entrevistas e mantém forte presença em debates sobre investimentos de longo prazo. Sua trajetória consolidou-se como uma das maiores referências em value investing e geração de renda passiva por meio de dividendos.
A continuidade de seu legado ganhou ainda mais força com a atuação de sua filha, Louise Barsi, considerada sua sucessora intelectual. Formada em Contabilidade e Economia, Louise comanda a AGF – Ações Garantem o Futuro, uma plataforma voltada à educação financeira com foco em dividendos. A iniciativa oferece cursos, mentorias e conteúdos que reproduzem a filosofia de longo prazo que guiou a construção da fortuna de seu pai: paciência, disciplina e reinvestimento de proventos.
Além da atuação educacional, Louise integra o Conselho de Administração da Eternit (ETER3), empresa com ações negociadas na Bolsa desde 1948. Sua presença no conselho reforça o compromisso da família com a análise fundamentalista e o acompanhamento direto das companhias em que investem.
Em 2025, Louise tem reforçado publicamente a importância de ativos estratégicos como Banco do Brasil (BBAS3), destacando a relevância de empresas com lucros recorrentes e bom histórico de distribuição de dividendos, mesmo em cenários adversos. Para ela, esse é o caminho mais seguro rumo à independência financeira.
Além de Louise, Luiz Barsi Neto, outro filho do investidor, também atua no mercado, com formação em áreas similares. Ao longo dos anos, Barsi compartilhou com seus filhos não apenas conhecimento técnico, mas também a mentalidade necessária para enfrentar os ciclos do mercado com consistência.
A família Barsi representa hoje uma das poucas dinastias do mercado financeiro brasileiro com forte identidade educacional e estratégica. Ao compartilhar seus aprendizados com milhares de investidores, consolidam uma tradição baseada em estudo, convicção e visão de longo prazo — valores que continuam sendo disseminados por toda a nova geração de investidores.
Curiosidades sobre Barsi
Com mais de cinco décadas de atuação na Bolsa, Luiz Barsi tornou-se uma figura central no universo dos investimentos no Brasil, especialmente entre os investidores pessoa física. Sua presença frequente em entrevistas, eventos e mídias especializadas consolidou sua imagem como porta-voz do investimento em ações com foco em dividendos.
Entre os aspectos que mais chamam atenção em sua trajetória está a combinação entre uma fortuna bilionária e um estilo de vida extremamente simples. Mesmo sendo um dos maiores investidores do país, Barsi ainda utiliza transporte público e mantém hábitos discretos, reforçando sua convicção de que riqueza não precisa estar atrelada a ostentação.
Ele começou a investir aos 22 anos, utilizando recursos próprios para adquirir suas primeiras ações. A escolha por viver dos dividendos veio logo depois, com a formulação de uma estratégia baseada em renda passiva, disciplina e visão de longo prazo — princípios que se contrapõem à especulação de curto prazo.
Além de sua atuação como investidor, Barsi é um defensor da educação financeira e da democratização do mercado de capitais, valores que transmite não só por meio de palestras e entrevistas, mas também pelo trabalho de sua filha, Louise Barsi.
Frases de Barsi
Mais do que cifras, seu legado está nas ideias. Ao longo de sua trajetória, ele cunhou frases que se tornaram verdadeiros ensinamentos para investidores, como:
- “Eu compro ações que me pagam para ter paciência.”
- “Ações são minha aposentadoria.”
- “Invista como sócio, não como especulador.”
- “O dividendo é o juro do capital produtivo.”
- “Quem quer ganhar dinheiro rápido, vai perdê-lo rápido.”
- “A Bolsa não é um cassino, é uma sociedade de capital.”
Em 2025, Luiz Barsi segue firme em sua estratégia, com uma carteira robusta, filosofia inabalável e influência crescente entre investidores brasileiros de todas as idades. Seu exemplo mostra que o mercado de ações pode ser acessível, rentável e sustentável para quem se dedica aos fundamentos e mantém a paciência ao longo do tempo.
Qual a diferença entre Luiz Barsi e Warren Buffett?
Ambos são investidores de longo prazo, focados em empresas sólidas e com histórico de pagamento de dividendos. No entanto, enquanto Warren Buffett diversifica seus investimentos em diferentes setores e países, Luiz Barsi concentra sua carteira em empresas brasileiras de setores essenciais. Além disso, Barsi é mais crítico em relação à renda fixa, utilizando-a apenas como reserva de oportunidade, enquanto Buffett mantém uma parcela significativa de seu portfólio em ativos de renda fixa.
O que achou da trajetória de vida de Luiz Barsi? Deixe nos comentários a parte que mais chamou sua atenção.
Fotos de Luiz Barsi: o maior investidor pessoa física da Bolsa brasileira