A Tesla (TSLA34) divulgou na noite de quarta-feira, em Nova York, resultados do terceiro trimestre que combinam recorde de vendas com retração do lucro, elevando a pressão sobre Elon Musk. A montadora reportou lucro ajustado de 0,50 dólar por ação, queda de 31% na comparação anual e abaixo do consenso, enquanto a receita avançou 12% para 28,1 bilhões de dólares. O mercado reagiu com baixa nas negociações estendidas, refletindo custos mais altos, tarifas e investimentos crescentes em inteligência artificial que ofuscaram o pico de entregas puxado pelo fim do crédito fiscal nos EUA em 30 de setembro.
O que o balanço mostra
A receita automotiva somou 21,2 bilhões de dólares, alta de 6% ante um ano antes, mas o lucro líquido recuou 37% para 1,37 bilhão de dólares. As despesas operacionais subiram 50%, a 3,4 bilhões de dólares, com impacto de mais de 400 milhões de dólares em tarifas e maior gasto com IA e outros projetos de P&D. A venda de créditos regulatórios rendeu 417 milhões de dólares, queda de 44% ano a ano. A combinação de preços mais baixos de EVs, custos tarifários e a corrida dos consumidores para aproveitar o subsídio federal até o fim de setembro inflou a receita, mas comprimiu margens.
Musk mira IA e Optimus; investidores cobram rota
Na teleconferência, Elon Musk dedicou tempo ao robô humanoide Optimus e aos planos de robotáxis, pedindo apoio ao seu pacote de remuneração e reforçando a visão da companhia como uma plataforma de IA. Analistas, porém, apontaram falta de clareza sobre motores de curto prazo. “Ficamos com uma incerteza persistente em relação a quais serão os motores de crescimento de curto prazo”, disse Garrett Nelson, da CFRA Research. Para Haris Khurshid, da Karobaar Capital, “o mercado enxerga a Tesla como plataforma de IA, mas ela reporta como montadora”, o que aumenta a cobrança por execução no negócio principal de veículos.
O que fica para a Tesla nos próximos meses
O recorde trimestral de 497.099 entregas foi ajudado pelo crédito fiscal que expirou nos EUA e por versões mais acessíveis de Model 3 e Model Y lançadas em outubro. Ainda assim, a empresa enfrenta desaceleração na Europa, competição de BYD e Volkswagen e vendas mais fracas na China. A Tesla disse mirar produção em volume de novos projetos — como o Cybercab, o caminhão pesado Semi e o Megapack 3 — em 2026; Musk afirmou esperar o início da produção do Cybercab no segundo trimestre, enquanto a expansão do serviço de robotáxi em Austin e em outras 8 a 10 áreas metropolitanas depende de aprovações regulatórias e, inicialmente, manterá motoristas de segurança.
“No atual ambiente, é difícil medir os impactos de mudanças no comércio global e nas políticas fiscais nas cadeias automotiva e de energia, em nossa estrutura de custos e na demanda por bens duráveis e serviços correlatos”, afirmou a Tesla no material aos acionistas.
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