Os fundos de infraestrutura têm se consolidado como uma alternativa atrativa para o investidor pessoa física, oferecendo yields que chegam a superar boa parte das empresas listadas na Bolsa. Além do equilíbrio entre risco e retorno, esses veículos contam com incentivos tributários que aumentam sua competitividade em relação a outras classes de ativos.
“Os FI-Infra foram criados justamente para a pessoa física, com regras tributárias bastante vantajosas”, afirma Gabriel Esteca, gestor da Bocaina Capital e responsável pelo fundo BODB11.
Os fundos investem em debêntures incentivadas que financiam obras e serviços essenciais. Desde a criação pela Lei 12.431/2011, os títulos oferecem alíquota zero de Imposto de Renda para pessoas físicas, tanto nos rendimentos distribuídos quanto nos ganhos de capital. Já para pessoas jurídicas, a alíquota é de 15%.
De acordo com Esteca, os fundos de infraestrutura oferecem não apenas retorno, mas também segurança, já que os projetos são de longa duração e contam com garantias tangíveis.
O setor passou a contar com maior participação privada a partir de meados dos anos 1990, mas até 2014-2015 ainda dependia fortemente do BNDES. A virada veio com a expansão das debêntures incentivadas, que em 2023 atingiram recorde de R$ 130 bilhões em emissões.
Hoje, os prazos dos papéis podem chegar a 20 ou até 24 anos, permitindo que investidores privados financiem diretamente a infraestrutura nacional. “Isso é capital que antes vinha quase exclusivamente do BNDES e agora está vindo do mercado”, destaca o gestor.
Esta matéria faz parte da Semana da Renda Mensal, organizada pela Suno e com apoio da Suno Asset, Bocaina Capital e Guardian Gestora. Grandes gestores do mercado explicam como ganhar renda mensal por meio de FIIs, Fiagros e FI-Infra.
Fundos de infraestrutura: Bocaina aposta no setor de saneamento
No caso do BODB11, fundo da Bocaina, cerca de 30% a 35% da carteira está alocada em saneamento, setor que vem oferecendo melhores oportunidades de retorno ajustado ao risco. Já em energia renovável, outro campo de forte emissão, há desafios regulatórios, como o curtailment – quando a rede elétrica não consegue escoar toda a energia gerada por parques solares ou eólicos, especialmente no Nordeste.
Essa dinâmica faz com que cada setor tenha um ciclo próprio de oportunidades. “Hoje vemos mais espaço em saneamento, mas daqui a um ou dois anos pode ser telecomunicações, datacenters ou rodovias, com os novos programas de concessões estaduais”, explica.
Para Esteca, a diversificação setorial, nesse sentido, é vista como fundamental. Quanto mais maduro o fundo, maior o estoque de ativos com diferentes dinâmicas, equilibrando o portfólio contra riscos específicos de cada segmento de fundos de infraestrutura.