O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro teve uma variação negativa de 0,1% no terceiro trimestre, em relação aos três meses imediatamente anteriores. A informação foi divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na manhã desta quinta-feira (02).
Em comparação ao mesmo trimestre do ano passado, quando a economia do Brasil já sofria os impactos da pandemia, o PIB avançou 4,0%. No acumulado de quatro trimestres, terminados em setembro, a alta é de 3,9%. No acumulado do ano até setembro, o PIB avançou 5,7% contra igual período do ano passado.
Em números correntes, o indicador da economia brasileira, que consiste na soma dos bens e serviços finais produzidos no Brasil, atingiu R$ 2,2 trilhões. Confira o PIB do terceiro trimestre por grupos:
- Agropecuária: -8,0%
- Importação: -8,3%
- Indústria: 0,0%
- Consumo das famílias: +0,9%
- Comércio: +2,8%
- Consumo do governo: +0,8%
- Serviços: +1,1%
- Exportação: -9,8%
Estimativas de economistas compiladas pela Refinitiv esperavam estabilidade de 0% no PIB do Brasil neste terceiro trimestre.
Segundo o IBGE, o índice foi influenciado para baixo principalmente por conta da queda de 8,0% na agropecuária e também pelo recuo de 9,8% nas exportações de bens e serviços.
Já a indústria ficou estável (0,0%) e serviços, que respondem por mais de 70% do PIB nacional, avançou 1,1% no período.
Agropecuária pesa sobre o PIB no terceiro trimestre
O recuo na agropecuária (-8,0%) foi consequência do encerramento da safra de soja, que também acabou impactando as exportações, explica relatório do IBGE.
A coordenadora de Contas Nacionais do Instituto, Rebeca Palis, diz que a colheita da soja, por ser muito mais concentrada nos dois primeiros trimestres, impacta no resultado.
“Como ela é a principal commodity brasileira, a produção agrícola tende a ser menor a partir do segundo semestre. Além disso, a agropecuária vem de uma base de comparação alta, já que foi a atividade que mais cresceu no período de pandemia e, para este ano, as perspectivas não foram tão positivas”, diz Palis.
Setor de serviços não compensa perdas e avança pouco no 3º tri
Para piorar, o avanço do setor de serviços não compensou a perda da agropecuário e, com isso, o PIB do Brasil fechou negativo pela segunda vez consecutiva, entrando uma recessão técnica.
O 1,1% que cresceu de serviços foi puxado por outras atividades (4,4%), que reúnem diversas atividades prestadas às famílias. Cinco atividades da categoria apresentaram crescimento:
- outras atividades de serviços (4,4%),
- informação e comunicação (2,4%),
- transporte, armazenagem e correio (1,2%), e
- administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (0,8%).
“Com o avanço da vacinação contra Covid-19 e o consequente aumento da mobilidade e reabertura da economia, as famílias passaram a consumir menos bens e mais serviços.”, comenta Palis.
Ficaram estáveis ou no negativo as atividades imobiliárias (0,0%), de seguros e serviços relacionados (-0,5%) e comércio (-0,4%). A coordenado explica que o comércio teve uma forte alta no segundo trimestre e, portanto, a base de comparação estava forte e as famílias também migraram parte do seu consumo para os serviços.
PIB no final de 2021
Os analistas ouvidos pelo Boletim Focus vêm reduzindo suas projeções para a economia do Brasil em 2021 e 2022.
Para este ano, a projeção é de alta de 4,78% (era de 4,94% há um mês) do PIB, e para o ano que vem de 0,58% (era de 1,20% há um mês).