O leilão da Oi (OIBR3) para a venda de parte de sua empresa de fibra ótica, a InfraCo, acontece nesta quarta-feira (7). O certame será conduzido pela Sétima Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, responsável pelo processo de recuperação judicial. Segundo o jornal Valor Econômico, a operadora recebeu apenas a proposta do BTG Pactual (BPAC11) em conjunto com a Globenet Cabos e Submarinos.
Em abril, a Oi comunicou ao mercado que recebeu a proposta dos fundos geridos pelo BTG para se tornarem sócios da unidade de fibra ótica da operadora juntamente com a Globenet. O valor do acordo foi fechado em R$ 12,9 bilhões, equivalente a 57,9% da InfraCo. O trato firmado permite que o BTG tenha o direito de cobrir uma nova oferta feita por algum interessado.
O edital de venda de parte do capital da InfraCo foi publicado em 1º de junho no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro. Após a publicação, houve um prazo de sete dias úteis para a manifestação de interesse em participar da disputa pelo ativo. Segundo o jornal, nenhum outro interessado se qualificou.
Dessa forma, o leilão da InfraCo será semelhante ao de ativos móveis que só recebeu uma proposta, a do consórcio TIM (TIMS3), Vivo (VIVT3) e Claro.
Entenda por que a InfraCo vai custar R$ 7,6 bi ao BTG
O acordo firmado para o BTG Pactual se tornar sócio da Oi em sua unidade de fibra ótica teve o valor fechado em R$ 12,9 bilhões, incluindo aportes de recursos, para a obtenção de 57,9% da InfraCo. Porém, o negócio vai custar para o banco R$ 7,65 bilhões.
Essa matemática é explicada por um contexto histórico. Em 2014, a Oi vendeu a Globenet, companhia de cabos submarinos, para o BTG. Desde então, a Oi se tornou cliente da Globenet, e se comprometeu a alugar a capacidade da empresa até 2028, criando um débito.
Agora, sete anos mais tarde, a oferta do banco pela InfraCo engloba as dívidas da Oi com a Globenet.
Com a Globenet inserida no contexto da transação da InfraCo, o BTG abate R$ 3,75 bilhões, valor que alivia as parcelas da dívida da Oi até o fim de 2024. Além disso, a companhia de submarinos irá fazer um aporte de R$ 1,5 bilhão na unidade de fibra ótica.
A proposta inclui o BTG Pactual Economia Real Fundo de Investimentos e a Globenet.
Leilão de ativos móveis da Oi ainda enfrenta entraves
Apesar de ter acontecido em dezembro do ano passado, o leilão ainda tem enfrentado obstáculos para ser concluído.
O parecer de ex-membros do Cade encomendado pela Neo, associação de 180 provedores regionais à internet, divulgado na terça-feira (6), aponta que a aquisição dos ativos móveis da Oi pelo consórcio terá como consequência o aumento nos preços dos serviços e a redução nos investimentos. A compra do consórcio, por R$ 16,5 bilhões, ainda está em análise no Cade e Anatel.
Como solução, as entidades propõem que a venda dos ativos móveis ocorra de forma fatiada, de forma que pulverize o poder de mercado da operadora. Portanto, TIM, Vivo e Claro poderiam adquirir uma fatia menor do negócio de telefonia da tele em recuperação judicial.
É válido lembrar que após o encerramento dos processos do leilão, a Oi deve iniciar a caminhada com suas próprias pernas, ou seja, a operadora terá dinheiro no caixa e condições para sair da recuperação judicial A partir disto, o mercado irá acompanhar seus investimentos em fibra ótica, setor do qual a companhia já informou que estará focada.