O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), considerado a prévia oficial da inflação no Brasil, desacelerou e avançou 0,18% em outubro, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na manhã desta sexta-feira (24). Esse é o menor resultado para o mês desde 2022 e veio abaixo da expectativa do mercado, que projetava alta de 0,25%.
Em setembro, o indicador havia subido 0,48%. Com o resultado, o IPCA-15 acumula alta de 4,94% em 12 meses, após 5,32% no período anterior, mas ainda acima do teto da meta da inflação.
Segundo o IBGE, a desaceleração foi influenciada pela queda dos preços de alimentação e bebidas, que recuaram 0,2% em outubro, com destaque para a redução nos preços da cebola, arroz e leite longa vida.
Destaques positivos e negativos do IPCA-15
Dos nove grupos pesquisados pelo IBGE, três registraram queda em outubro. Além de alimentação e bebidas (-0,2%), o grupo de artigos de residência recuou 0,64%, puxado pela redução dos preços de eletroeletrônicos. Já o grupo habitação teve leve alta de 0,16%, com destaque para a energia elétrica residencial, que caiu 1,09% e ajudou a aliviar o impacto da nova bandeira tarifária vermelha.
Em contrapartida, os maiores aumentos vieram de transportes (+0,41%) e despesas pessoais (+0,42%). O grupo transportes foi pressionado pelos preços da gasolina (+0,99%), etanol (+3,09%) e passagens aéreas (+4,39%). No caso das despesas pessoais, o avanço refletiu o aumento nos preços de serviços de lazer, como cinema, teatro e pacotes turísticos.
“O IPCA 15 do mês de outubro veio muito melhor do que esperado, em 0,18%, abaixo da nossa projeção que era de 0,27% e abaixo também do consenso que estava um pouco mais próximo do resultado oficial”, destaca Lucas Barbosa, economista da AZ Quest.
Segundo ele, é possível enxergar um processo de desinflação bastante consistente, reforçado pelos dados de atividade apresentados.
O economista da AZ Quest acrescentou ainda que o resultado de outubro “adiciona um viés de baixa para a inflação do último trimestre”, o que pode levar a revisões nas projeções para o fechamento do ano.
Desaceleração abre espaço para corte de juros
O resultado de outubro reforça a leitura de uma inflação mais controlada, o que pode influenciar as próximas decisões do Comitê de Política Monetária (Copom).
De acordo com Igor Cadilhac, economista do PicPay, o resultado também foi melhor do que o esperado do ponto de vista qualitativo, visto que os principais indicadores de inflação subjacente vieram abaixo das estimativas.
Segundo ele, este desempenho “coloca uma assimetria baixista para o IPCA deste ano, com probabilidade moderada de encerrar 2025 dentro da banda da meta da inflação”. No entanto, o especialista ponderou que, sob a ótica da política monetária, é necessário manter a taxa Selic em 15% pelo menos até 2026.
Na avaliação de Barbosa, da AZ Quest, o IPCA-15 de outubro mostrou que cenário atual se desenha conforme o cenário base do Copom, o que pode indicar o início de ciclos de cortes de juros já a partir de janeiro do ano que vem.
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