Investir no exterior traz várias vantagens ao investidor: diversifica os investimentos, mitiga riscos e oferece maior ofertas de ativos. Mas as vantagens não param por aí. Apesar da desvalorização momentânea do dólar ante o real, os especialistas do mercado permanecem recomendando investir no exterior. Isso porque, no médio e longo prazo, a moeda continuará sendo a mais forte e segura do mundo.
O real é uma moeda muito volátil e a oscilação se dá por diversos fatores, que incluem a aprovação de pacotes econômicos no Congresso, declarações de autoridades políticas, crise econômica e outros.
Por esse motivo, como objetivo de proteção, os especialistas indicam investir no exterior e principalmente na moeda mais segura do mundo.
“Por mais que o dólar esteja passando por um problema pontual, ou seja, de certa maneira está enfraquecido no momento, ele continua historicamente sendo uma reserva de valor”, afirma o diretor da área imobiliária americana do Grupo Leste, plataforma de investimentos com atuação global, Rodrigo Machado.
“No médio e longo prazo ele vai continuar sendo a moeda forte do mundo. Por mais que o real tenha se valorizado recentemente a gente sabe que oscila muito e depende de políticas econômicas e pacotes”, acrescenta.
No atual momento de guerra entre Rússia e Ucrânia o investidor pode se questionar se ainda assim é uma boa opção investir fora do Brasil. Os especialistas apontam que na verdade é um forte incentivo para se ter ativos no exterior.
“A materialização de riscos geopolíticos, como uma guerra antes impensável, é um forte incentivo para investir no exterior, principalmente em se tratando de investir em um porto seguro como os Estados Unidos”, disse o Head de investimentos da Nomad, plataforma de conta corrente internacional, Caio Fasanella.
Além disso, Fasanella acrescenta que a queda do dólar proporciona oportunidades para o brasileiro enviar recursos para o exterior.
“Uma nota de interesse é que a guerra favoreceu temporariamente o Real frente ao Dólar, o que abre uma janela de oportunidade para brasileiros enviarem recursos ao exterior em condições muito favoráveis quando se compara com os últimos 24 meses”, completou o head de investimentos da Nomad.
Se você está considerando investir no exterior, confira cinco vantagens ao seguir por este caminho:
1º – Diversificação de riscos
O investimento no exterior oferece ao investidor o benefício da diversificação internacional, uma vez que ativos negociados lá fora estão expostos a riscos diferentes dos internos.
O analista de Equities da Suno Asset, Leonardo Souto, explica que em momentos de cenários desafiadores no ambiente doméstico, é possível usufruir de desempenhos superiores em ativos no exterior.
Além disso, a visão global para alocação e investimentos é um passo fundamental para a constituição da carteira de um investidor, seja por meio de ativos diretamente no exterior, seja por meio de fundos de investimento que realizam esse trabalho pelo cotista.
“A constituição de uma carteira diversificada em diferentes classes de ativos e em diferentes geografias ajuda a reduzir o risco total, além de auxiliar o investidor a beneficiar-se das diferentes classes de ativos em diferentes cenários e geografia”, diz Souto.
Fasanella acrescenta ainda que o investidor tem a oportunidade de investir nas ações das maiores empresas do mundo, são elas:
- Apple: (AAPL)
- Microsoft: (MSFT)
- Alphabet — dona do Google: (GOOGL)
- Amazon: (AMZN)
- Tesla: (TSLA)
2º – Proteção
Ter parte do capital investido fora do Brasil em economias fortes é uma estratégia de proteção e mitigação de riscos no longo prazo. Ainda mais se tratando de uma economia emergente, que sofre diversas oscilações.
“Investir em economias sólidas e desenvolvidas ajuda a não correr riscos que acontecem naturalmente na dinâmica de política econômica, na evolução de governos, de instabilidades que acontecem em economias emergentes”, analisa o CEO da Catarina Capital, gestora de investimentos especializada em tecnologia com atuação global, Thiago Lobão.
Souto acrescenta ainda que investir em ativos no exterior, especialmente nos Estados Unidos, oferece ao investidor exposição ao dólar, que costuma ser um refúgio para investidores globais em momentos de crise, além de auxiliar na diversificação cambial da carteira.
“Um portfólio constituído em diferentes moedas mitiga o risco de se estar concentrado em apenas uma, como o real, diluindo os impactos que possam ocorrer em momentos de pressão em nossa moeda.”
Os especialistas analisam que, hoje em dia, para investir nos ativos globais está mais fácil do que nunca, com gestores e fundos de investimentos que olham para o exterior como prioridade.
“Hoje você tem alguns gestores especializados que ajudam a começar a investir lá fora com um nível de atenção, com uma dedicação especializada que é fundamental pra quem tá buscando uma diversificação consciente”, comentou Lobão.
3º – Maior oferta de ativos
O mercado americano é o maior do planeta, com uma capitalização aplicada de mais de US$ 30 trilhões, o que representa trinta vezes o tamanho do mercado brasileiro.
Na bolsa americana, por exemplo, existem hoje mais de 6 mil empresas listadas, além de mais de 200 REITs (equivalente americano aos Fundos Imobiliários). Além desses, há ainda diversos ETFs (fundos de índices) e produtos de diferentes classes de ativos, como bonds, treasuries e hedge funds.
Outra vantagem é que enquanto a bolsa brasileira tende a ser mais concentrada em empresas de commodities, utilidade pública, varejo e serviços, no exterior pode se ter acesso a oportunidades em outros setores, muitas vezes disruptivos, como o de tecnologia, por exemplo.
“A oferta de produtos, portanto, é maior lá fora, concedendo mais oportunidades para investimento”, lembra Souto.
Lobão acrescenta que investir fora do Brasil traz a oportunidade de conhecer as tendências futuras do mercado. Isso porque as ações imprimem os principais desenvolvimento tecnológico ao redor do mundo.
“Você ter conhecimento e acompanhamento mais assíduo ajuda até a otimizar suas estratégias locais em vida e referências, entender comportamentos e para onde o mercado está indo numa esteira mais global.”
4º – Isenção de tributos
Segundo Fansella, outro ponto muito interessante é que, ao investir diretamente na Bolsa americana, em ativos internacionais, como ações, cotas de real estate e debêntures, o investidor conta com a isenção de tributos sobre as vendas de até R$ 35 mil mensais de ativos em que obteve ganho.
“Com isso, mantém o rendimento das suas operações, reduzindo os custos com as aplicações.”
Já com os Brazilian Depositary Receipt (BDRs), oferecidos pela Bolsa brasileira, independentemente do valor, o investidor precisa recolher impostos sobre o ganho em 15% em operações comuns.
Segundo o levantamento da Quantum, empresa de inteligência de dados voltada para o mercado financeiro, os BDRs mais comprados por fundos de investimentos foram os de tecnologia:
5º – Maior retorno
Os investimentos no exterior, principalmente nos EUA, trazem mais retorno ao investidor do que as aplicações feitas aqui no Brasil. No ano passado, os índices de ações americanas tiveram fortes ganhos, liderando os melhores desempenhos entre as principais bolsas do mundo.
Segundo um levantamento da Austin Rating publicado pelo site InfoMoney, entre os principais índices dos EUA, Brasil, China, Europa e Japão, o destaque foi para o S&P 500 — que em 2021 valorizou 26,9%.
Em segundo lugar ficou o índice Nasdaq, que subiu 21,4%, e na quarta posição o índice Dow Jones com ganhos de 18,7%. Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, teve o pior desempenho em dólar, com queda de 18% em 2021.
“Historicamente, nos últimos 10 a 20 anos os melhores retornos são relacionados a ações estrangeiras de tecnologia. Então investir no exterior é uma estratégia disponível para otimizar o retorno”, Catarina Capital.
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