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“Ibovespa voltar para perdas zero era algo impensável”, diz Luis Stuhlberger

Stuhlberger, da Verde Asset, diz que Ibov em 120 mil pontos é impensável

Stuhlberger, da Verde Asset. Foto: Divulgação.

Luis Stuhlberger, CEO e CIO da Verde Asset, afirmou que atual desempenho do Ibovespa, que superou as perdas da pandemia e caminha para bater os 120 mil pontos, era algo, em sua opinião, “impensável”. O gestor participou de live organizada pelo Valor.

O gestor da Verde Asset se disse surpreso com a performance de mais das, então, perdedoras estruturais, como grande bancos e petróleo no Ibovespa. “Você pensa assim: onde eu estava com a cabeça há um mês atrás vendo Itáu, Bradesco e Petrobras subindo 50%,” disse.

Ele afirmou que a rápida recuperação do principal índice de bolsa de valores brasileira se explica, em parte, pela recuperação mais rápida do PIB e também pelo cenário de juros baixos em todo o mundo, que leva o capital às bolsas.

 

Fluxo de investimento estrangeiro para Brasil dependerá do PIB

Sobre a movimentação vista nos últimos meses, com estrangeiros procurando a bolsa brasileira e batendo recorde de aportes, Stuhlberger acredita que, para continuar, ele terá de ser motivado pelo desempenho do Produto Interno Bruto (PIB).

A “recuperação do PIB voltou muito antes do que era esperado o que, em parte, justifica o movimento das bolsas de valores”, disse. Para ele, entretanto, a recuperação já estaria contabilizado pelo mercado.

Para o futuro, Stuhlberger vê dificuldades para a performance da atividade econômica brasileira. “Brasil não cresce porque gasta muito e gasta mal”, afirmou.

Ao comparar números de gastos do Brasil com o de países desenvolvidos, ele apontou para o fato de que o país gasta relativamente mais com serviços públicos e com proteção social do que a média e menos quando o assunto é educação e saúde.

Entre os riscos para o Brasil, o gestor pontuou uma possível derrocada para o desenvolvimentismo. Ele teme, inclusive, os novos líderes do Congresso, com Rodrigo Maia e Alcolumbre para saírem dos seus cargos já no começo de 2021.

Stuhlberger elogiou as recentes reformas e afirmou que a covid-19 foi uma “pena muito grande” para o país. “Tomamos medidas duras de contenção de gastos, e o crescimento, por conta do acaso, não veio. Isso pode gerar frustração da população e dar espaço para desenvolvimentistas que falam em furar o teto”, afirma.

Presidente da Verde espera mercado aquecido em janeiro

Segundo Stuhlberger, o cenário de taxas de juros baixas, que traz capital que sai de rendas fixas para as bolsas, poderá até gerar uma bolha futuramente, embora isso ainda não tenha ocorrido. “Estamos no caminho de fazer uma bolha no mercado acionário por conta dos juros baixos, mas ainda não estamos neste território”.

Mesmo com a movimentação anormal, o presidente da Verde Asset afirmou que continua comprado em ações, não tendo ainda optado pela renda fixa.

“Dezembro, que geralmente é um mês de pouca volatilidade, teve um avanço desse nível. Como será, então, janeiro? Não queremos perder a movimentação”, afirmou.

Stuhlberger vê ainda o Brasil em situação mais favorável do que os países desenvolvidos quanto à questão do juros. Em sua visão, o estímulo monetário por aqui deve durar um ano ou dois, com a taxa de juros subindo para 3% no fim do ano que vem.

Lá fora, o cenário de juros baixo é algo já praticamente certo para os próximos 10 anos.

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“Nesse cenário não acho absurdo o S&P 500 bater quatro mil pontos. Mas, em alguma hora, vai chegar uma corrida por realização”, disse o gestor.

Cenário nos Estados Unidos anima Stuhlberger

Apesar disso, a política americana é animadora para Sthulberger, que vê com bons olhos o atual cenário político. A vitória do democrata Joe Biden ao executivo deve melhorar a política externa do país, tirando a belicosidade de Trump de cena.

Já a provável vitória republicana no Senado anima por impor dificuldade aos democratas na questão do aumento da carga tributária, algo recorrente em governos do partido.

“Sou mais otimista com a bolsa americana do que com a brasileira”, afirma. Além da questão política, para Sthuberger, o fato dos índices americanos serem compostos por muitas empresas de tecnologia traz mais chance de crescimento real e não apenas um avanço motivado por liquidez gerada pelos juros baixos.

 

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