Os ETFs conquistaram de vez o investidor brasileiro, que vê nesses produtos uma opção simples para diversificar a carteira. Para além disso, a expansão da oferta de ETFs no mercado tem se tornado uma oportunidade para buscar maior rentabilidade mantendo a segurança do portfólio.
De acordo com especialistas de grandes gestoras, a alocação inteligente e a diversificação eficiente são as principais estratégias para lucrar mais com ETFs sem comprometer a carteira.
“Lucrar mais não significa correr mais riscos, significa entender melhor os riscos que se está assumindo”, diz Renato Eid, superintendente de estratégias indexadas e investimento responsável da Itaú Asset.
Para ele, o investidor deve combinar ETFs de diferentes classes e geografias, de renda fixa local (como B5P211 e IDKA11) a renda variável internacional (como SPXR e SPXI) para construir um portfólio sólido e com boa relação risco-retorno”
“Ao investir em um ETF, o investidor não precisa correr o risco de uma única ação decepcionar e afetar de forma significativa sua carteira. Produtos como o WRLD11, que dá exposição a mais de 9 mil empresas em 49 países, permitem capturar oportunidades no exterior sem depender de um setor ou geografia”, complementa Danilo Moreno, analista de ETFs da Investo.
Moreno explica que, além da diluição de risco, os ETFs oferecem acesso a estratégias sofisticadas com baixo custo, tornando mais fácil equilibrar potencial de retorno e volatilidade. “O segredo está em fazer uma alocação equilibrada e inteligente, aproveitando a eficiência da diversificação que os ETFs oferecem”, afirma.
ETFs setoriais, temáticos e internacionais
Segundo Moreno, quem busca maior rentabilidade pode recorrer a ETFs setoriais, temáticos e alternativos, que oferecem potencial de ganhos acima da média, mas exigem acompanhamento mais atento.
“ETFs como o NUCL11, de energia nuclear, ou o ARGE11, que investe na Argentina, permitem capturar movimentos específicos de setores ou países, mas com maior volatilidade e risco de ciclos curtos”, explica.
Andrés Kikuchi, diretor executivo da Nu Asset, complementa: “Os ETFs Smart Beta são uma excelente forma de buscar retornos adicionais de forma sistemática e transparente”.
Ele cita exemplos como o LVOL11, focado em ações de baixa volatilidade, e o HIGH11, que amplifica movimentos do mercado ao investir em papéis de alto beta, ou seja, que têm maior sensibilidade em relação ao mercado geral.
“Essas estratégias multifatoriais combinam fatores como qualidade e volatilidade, permitindo ganhos superiores ao índice de referência sem necessariamente aumentar o risco”, completa.
Já Eid reforça que ETFs temáticos e setoriais devem ser vistos como complementos, e não substitutos da base da carteira. “Eles capturam tendências específicas, mas o investidor precisa entender a volatilidade envolvida e os ciclos de cada segmento”, alerta.
Erros comuns ao investir em ETFs
Na visão dos especialistas, um erro frequente entre investidores que buscam ampliar ganhos com ETFs é agir por impulso.
“É comum ver investidores aumentarem a exposição a setores em alta sem avaliar fundamentos ou correlação com o restante da carteira”, afirma Moreno.
“Escolher ETFs apenas pelo desempenho recente é um erro clássico. O fato de um fundo ter performado bem no último ano não garante que continuará assim. É preciso entender o que ele está replicando e se faz sentido para o momento de mercado”, complementa Kikuchi.
Já Eid resume a questão de forma prática: “O principal erro é confundir tática com estratégia. ETF é um instrumento de disciplina e consistência, não de especulação.”
Equilíbrio entre risco e retorno: a chave para o sucesso
Não existe uma fórmula única, mas há consenso entre as gestoras sobre a necessidade de equilíbrio entre ETFs de maior e menor volatilidade.
Moreno recomenda a estratégia núcleo e satélite, com cerca de 70% a 80% da carteira em ETFs amplos e estáveis (como renda fixa ou índices globais) e o restante em produtos de maior risco ou temáticos.
“Um ETF como o LFTB11 pode atuar como núcleo, suavizando oscilações, enquanto o WRLD11 pode ser o pilar de renda variável global”, exemplifica.
Eid propõe uma lógica semelhante: “Um bom ponto de partida é 80% em ETFs amplos e diversificados e 20% em satélites de maior risco/retorno. O segredo é revisar o portfólio periodicamente, não reagir ao ruído.”
Na Nu Asset, a busca por esse equilíbrio deu origem a estratégias automatizadas
“Criamos o Nu Smart ETFs Brasil e o Nu Smart ETFs Globais, que investem apenas em ETFs, equilibrando fatores de risco e moedas de forma sistemática. São carteiras que fazem o rebalanceamento automaticamente, mantendo a diversificação e a visão de longo prazo“, explica Kikuchi.
Além disso, é sempre importante estar atento ao ciclo de mercado, embora o “timing” excessivo também seja um problema.
“Não se trata de adivinhar o ciclo, mas de estar preparado para ele. Os ETFs servem como ponte entre o ciclo e o propósito do investidor, não como trampolim para apostas curtas”, diz Eid.
“O investidor pode ajustar pontualmente a carteira conforme o cenário, aumentando a exposição em ETFs de alto beta em momentos de otimismo ou migrando para baixa volatilidade em períodos de incerteza. O erro está em transformar isso em rotina especulativa”, complementa Kikuchi.
Moreno conclui: “Os ETFs são ferramentas para atravessar ciclos, não para tentar vencê-los. O foco deve ser a alocação eficiente, que combina estabilidade, diversificação e oportunidade.”
Lucrar com ETFs, portanto, não é uma questão sobre ser mais arrojado, mas sim, ter uma estrutua melhor. Ao combinar diversificação global, gestão inteligente de risco e estratégias de núcleo e satélite, o investidor pode potencializar seus ganhos sem comprometer o equilíbrio da carteira.
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