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Coronavírus: The Lancet retira estudo sobre hidroxicloroquina

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Três dos autores do estudo publicado na revista científica britânica The Lancet sobre a hidroxicloroquina invalidaram nesta quinta-feira (4) os resultados utilizados para determinar a eficácia da droga contra o coronavírus (covid-19). Em maio, eles haviam se baseado em dados incompletos para concluir que a remédio utilizada contra a malária é ineficaz no combate ao novo coronavírus.

Em um comunicado divulgado pela revista The Lancet, os autores explicam que decidiram anular o estudo focado no tratamento do coronavírus após a empresa privada de análise médica, Surgisphere Corp., não compartilhar a base de dados detalhada e completamente. A atitude preocupou os cientistas que foram obrigados a invalidar os dados que haviam recebido.

No mesmo depoimento, os autores do estudo, Mandeep Mehra, Frank Ruschitzka e Amit Patel, defenderam a decisão. “Nunca podemos esquecer a responsabilidade que temos como pesquisadores de garantir cuidadosamente que confiamos em fontes de dados que cumprem nossos altos padrões. Com base nesse desenvolvimento, não podemos mais garantir a veracidade das fontes de dados primárias.”

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O estudo analisava o histórico médico de 96,000 pacientes com casos confirmados de coronavírus hospitalizados em seis continentes de 20 de dezembro à 14 de abril. De todos os pacientes, 15,000 foram tratados somente com hidroxicloroquina ou em combinação com um antibiótico.

Os resultados indicaram que o remédio antimalária não era eficaz no tratamento do coronavírus e poderiam ser nocivas à saúde. Isso levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a cancelar os testes que conduzia com a hidroxicloroquina em pacientes infectados, os quais foram retomados nesta semana após dúvidas serem levantadas sobre a veracidade dos dados.

A empresa de dados Surgisphere Inc. alega que possui um sistema capaz de armazenar petabytes (mil vezes um terabyte) de dados de mais de cem milhões de pacientes ao redor do mudo, apesar de muitos pesquisadores e hospitais afirmarem que nunca ouviram falar do Surgisphere.

Seu fundador, Dr. Sepan Desai, contribuiu para a produção do estudo, porém não quis fazer nenhum comentário público sobre as notícias envolvendo seu nome. O CEO tampouco foi capaz de explicar a metodologia usada para o estudo, que levou as enormes discordâncias nos dados.

A hidroxicloroquina no combate ao coronavírus (covid-19)

Apesar de não estar liberada em todos os países do mundo, no Brasil, a droga utilizada principalmente no tratamento contra a malária foi aceita para combater os sintomas causados pelo coronavírus.

Veja também: Estudos contra a hidroxicloroquina usaram dados falsos, diz Guardian

Atualmente, o Ministério da Saúde brasileiro recomenda que a hidroxicloroquina seja ingerida por cinco dias consecutivos, preferencialmente nos primeiros 14 dias de contágio. Segundo protocolo divulgado pela organização, o medicamente foi liberado até para casos leves pois não apresentou efeitos danosos à saúde e seu uso pode ser prolongado em casos mais graves do coronavírus.

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