Investir em ações exige mais do que acompanhar as oscilações diárias do mercado. Para tomar decisões mais seguras, o investidor precisa olhar para os fundamentos de cada empresa, avaliando indicadores financeiros, fatores qualitativos e o cenário macroeconômico. A seguir, especialistas ouvidos pelo Suno Notícias destacam como analisar uma ação, quais métricas devem ser observadas e quais cuidados adotar antes de montar sua carteira.
Segundo Anderson Kuntzler, planejador financeiro e especialista em investimentos, o maior erro dos iniciantes é olhar apenas para o preço das ações.
“Analisar uma ação vai muito além de simplesmente olhar o preço em tela. É um processo que exige a avaliação de diversos aspectos financeiros, operacionais e de mercado, de forma a construir uma decisão bem fundamentada”, afirma.
Entre os principais múltiplos, ele cita o Preço/Lucro (P/L), que indica quanto o mercado está disposto a pagar pelo lucro de uma companhia. Também aparecem o Preço/Valor Patrimonial (P/VPA), usado para comparar o preço da ação com o valor contábil da empresa, e o Dividend Yield, importante para quem está em busca de dividendos. Já o Retorno sobre Patrimônio (ROE) e a margem líquida ajudam a medir a eficiência da gestão, enquanto a relação Dívida/Patrimônio aponta o nível de alavancagem.
Para Augusto Balotari, assessor da Manchester Investimentos, há outros indicadores-chave que não podem ser ignorados, como a geração de caixa e o EBITDA.
“Uma empresa pode ter lucro contábil, mas sem caixa não sobrevive. Já o EBITDA mede o desempenho operacional puro, sendo útil para comparar companhias do mesmo setor”, explica.
O que os números não mostram
Embora os indicadores sejam essenciais, eles não dão o panorama completo de uma companhia. Kuntzler ressalta que fatores qualitativos podem definir a sustentabilidade dos resultados de uma empresa.
“O setor de atuação pode ser mais ou menos resiliente em crises, e a qualidade da gestão é determinante. Empresas que adotam boas práticas de governança corporativa oferecem maior transparência e segurança ao investidor, por exemplo”, destaca.
Balotari concorda, acrescentando pontos como modelo de negócio, tendências setoriais, exposição cambial e fatores macroeconômicos.
“São elementos que precisam ser avaliados para entender o momento de entrada e saída de determinadas ações”, afirma.
Por onde começar?
Na visão de Kuntzler, o investidor iniciante deve começar pelo básico, analisando empresas conhecidas e setores familiares.
“Priorizar as chamadas blue chips, como Vale (VALE3), Petrobras (PETR4) e grandes bancos, pode ser uma forma mais segura de iniciar. São empresas grandes, consolidadas e estáveis, que oferecem liquidez e previsibilidade”, aconselha. Ele também alerta contra decisões impulsivas e reforça a importância da paciência e da diversificação.
Balotari segue a mesma linha e recomenda começar por setores tradicionalmente resilientes. “Sugiro empresas mais capitalizadas e bem recomendadas pelo mercado. Em momentos de maior volatilidade e incerteza econômica, bancos e companhias de energia tendem a se mostrar mais estáveis”, afirma.
Principais indicadores para analisar ações
- P/L (Preço/Lucro): mostra quanto o mercado paga pelo lucro da empresa.
- P/VPA (Preço/Valor Patrimonial): compara o preço da ação com o valor contábil da companhia.
- Dividend Yield: indica o retorno em dividendos sobre o preço da ação.
- ROE (Retorno sobre Patrimônio): mede a eficiência da empresa em gerar lucro com o capital próprio.
- Margem Líquida: avalia a lucratividade após custos e despesas.
- Dívida/Patrimônio: revela o nível de alavancagem financeira da companhia.
- EBITDA: mostra o desempenho operacional “puro”, útil para comparar empresas do mesmo setor.
- Geração de Caixa (Fluxo de Caixa Operacional): indica se o lucro se traduz em dinheiro real para pagar contas, investir e remunerar acionistas.
Caso queira saber mais sobre como analisar uma ação, basta acessar o e-book gratuito da Suno, através deste link.
Notícias Relacionadas