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Fábio Carvalho
Fábio Carvalho

Após receber aquele primeiro soco, siga firme…

Uma das estratégias aplicadas à gestão de portfólios que acredito ser mais benéfica para qualquer um, profissional de mercado ou não, é algo que costumamos chamar de “visualizar situações”.

Quando estiver analisando um novo potencial investimento, pare e reflita sobre os cenários futuros. Tenha um plano detalhado de como você irá reagir a diferentes cenários futuros.

Quer dizer, para cada investimento, você deveria saber antecipadamente o que vai fazer em inúmeros cenários futuros, mesmo que a maioria destes não vá se
materializar.

Ter esse tipo de plano desenhado para cada investimento seu tem dois grandes benefícios:

Estou falando de todo tipo de cenário, bom ou ruim. Saber o que fazer quando um investimento começa a subir muito também é importante. Até que tamanho de
exposição no portfólio você permite que aquela posição chegue?

Irá vender gradualmente conforme o preço sobe, ou apenas em certo patamar de preço fixo? O importante é ter um plano bem desenhado, bem pensado, e segui-lo. Execução disciplinada é o grande desafio dos investidores, e os planos para diferentes cenários ajudam demais.

Trazendo o conceito para o mundo dos investimentos imobiliários, quando você decide comprar um ativo, você deveria pensar e planejar o que faria em vários cenários diferentes.

Se o preço da cota do meu fundo imobiliário cair 30% por um motivo exógeno ao fundo e que não irá afetá-lo diretamente, por algum stress passageiro de
mercado, compro mais? Quanto? Usando recursos retirados de onde?

Agora, se o fundo que comprei porque este iria ocupar áreas vagas nos seus ativos nos próximos X períodos, e o tempo passa e isso não acontece.

Vendo? Analiso o desempenho do mercado em outros ativos similares para realizar uma análise relativa de desempenho? Consulto um astrólogo?

O plano em si importa menos do que fazer o esforço de imaginar o futuro desenrolar de cenários e como você vai se comportar em cada um dele. Escreva estes planos. Mantenha-os sempre à mão.

Os vieses comportamentais a que todos estão sujeitos, por inúmeras questões psicológicas e comportamentais nossas, são enormes inimigos de estratégias de
investimentos bem executadas.

Pensar boas estratégias de investimentos é relativamente simples, mas executá-las no mundo real, com cenários mudando com rapidez e com nossos próprios vieses influenciando a todo momento, é dificílimo. Em investimentos, a execução disciplinada dos planos é muito mais importante do que brilhantismos.

O pugilista Mike Tyson uma vez disse, ao ser questionado da sua estratégia para uma luta importante: “todos tem um plano até levarem um soco na boca”.

Na verdade, na maioria das vezes, o que as pessoas consideram seus planos são apenas seus desejos, seus cenários básicos pretendidos e não planos alternativos e
ações definidas para os inúmeros cenários futuros que fujam do esperado.

Não adianta só contar com cenários sob controle, com tudo correndo bem e conforme desejado. Ao levar um soco do mercado, algo que vai acontecer com todos, você deve
ter o plano devidamente desenhado para aquela situação também.

Nota

Os textos e opiniões publicados na área de colunistas são de responsabilidade do autor e não representam, necessariamente, a visão do Suno Notícias ou do Grupo Suno.

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