O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil perdeu R$ 20,3 bilhões por causa da tabela do frete rodoviário e aumento do preço do diesel.
Esse é o resultado de uma pesquisa inédita realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Além da perda no PIB, por causa dessas mesmas razões a inflação e 2018 ficou 1,07 ponto porcentual maior.
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Segundo o estudo da CNI, de julho de 2017 até janeiro o preço do diesel subiu 15,6%. Em caso de regime de liberdade de preços, isso teria elevado o frete em 4,7%. Entretanto, por causa do tabelamento fixado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), o aumento foi de 12,1%. Por isso, para a CNI, o preço dos transportes está 7,4 pontos porcentuais acima do de mercado.
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A tabela de preços de fretes é alvo de três ações diretas de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal (STF). Ela foi adotada pelo governo em maio, no pior momento da greve. A CNI é autora de uma das ações diretas de inconstitucionalidade. Segundo os industriais, o tabelamento fere os princípios constitucionais da livre iniciativa, da livre concorrência e da defesa do consumidor. Não há previsão para julgamento das ações.
Custos ainda maiores
Mesmo se o estudo da CNI indica essas perdas e custos para a economia brasileira, eles poderiam ser até maiores. Isso porque os números da pesquisa mostram apenas parte do impacto do tabelamento. Não foram considerados custos como da fiscalização, da insegurança jurídica e da própria greve. A paralisação dos caminhoneiros teria custado cerca de R$ 15,9 bilhões segundo cálculos feitos na época pelo Ministério da Fazenda. Além disso, cerca de 570 mil empregos foram perdidos ou deixaram de ser criados.
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Segundo o gerente executivo de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca, “Os resultados corroboram o que os setores já vinham falando. Toda vez que se faz uma intervenção na economia e se fixa um preço, há um custo”. Segundo Fonseca, o PIB já teria crescido menos em 2018 por causa do aumento do diesel, mas o tabelamento do governo amplificou esse efeito.
“O aumento do frete é repassado ao produto final. Isso faz com que a demanda caia. As pessoas consomem menos ou substituem por produto importado. Isso gera desemprego”, afirmou Fonseca.
O estudo sobre os custos gerados pela greve dos caminhoneiros da CNI começou a ser elaborado no ano passado. Entretanto, por causa de sua complexidade, acabou ficando pronto somente em 2019.