A empresa americana de serviços financeiros Wells Fargo criou um indicador para medir a sensibilidade de países às oscilações econômicas da China. Segundo o indicador, o Brasil está entre os países mais vulneráveis à sorte da economia chinesa.
Um dos motivos seria a forte dependência do Brasil aos altos preços das commodities, além do grande volume comercial de exportações do País para o gigante asiático. “Uma desaceleração econômica na China provavelmente resultaria em menos demanda por commodities e poderia pesar sobre cada economia”, avaliam os analistas do Wells Fargo.
Além disso, o real está altamente correlacionado aos preços das commodities, enquanto as empresas relacionadas a esses produtos constituem um grande componente do principal índice de ações, o Ibovespa. “Como resultado, cada moeda, bem como os mercados acionários locais, podem ficar sob pressão”, afirmam.
Além do Brasil, figuram entre as nações que mais podem sair prejudicadas com a desaceleração da China a África do Sul, Cingapura, Chile, Coreia do Sul e Rússia.
“Rotulamos os países com exportações para a China acima de 6% do PIB como ”altamente sensíveis”, diz relatório. Dentro dessa metodologia, o Brasil registra uma sensibilidade moderada, já que exporta entre 2% e 6% do PIB para a China.
China é responsável por 67% do superávit brasileiro em 2021
De janeiro a agosto deste ano, as movimentações comerciais entre Brasil e China responderam por 67% do superávit acumulado pela balança comercial do País em 2021. Os dados são do Indicador de Comércio Exterior (Icomex), do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
O saldo está em US$ 52,1 bilhões acumulados nos oito primeiros meses deste ano. Só o comércio com a China foi de US$ 35 bilhões.
O Icomex destaca que a soja, o minério de ferro e o petróleo correspondem a 45% das exportações brasileiras de janeiro a agosto. Neste período, a China comprou 63% do minério de ferro, 69% da soja em grão e 49% do petróleo.
A China também teve elevada participação nas compras de carne bovina (57%) e celulose (42%) brasileiras