A turbulência da Ambipar (AMBP3) ganhou um capítulo ainda mais tenso. A gestora Opportunity acionou a Justiça dos Estados Unidos acusando a Ambipar de retirar recursos da subsidiária americana mesmo após o início da recuperação judicial, um movimento que amplia as dúvidas sobre a transparência e a solidez da reestruturação do grupo. A disputa internacional pressiona um conglomerado que tenta reorganizar dívidas bilionárias enquanto enfrenta resistência crescente de credores e sócios minoritários.
A gestora sustenta que, pouco antes do pedido de recuperação judicial no Brasil, a holding esvaziou o caixa da Ambipar Emergency Response e continuou fazendo retiradas mesmo depois da abertura do Chapter 11. Para a Opportunity, o problema não é falta de liquidez, mas a transferência contínua de recursos da subsidiária para a controladora, prática que teria comprometido uma operação considerada lucrativa.
Disputa nos EUA amplia dúvidas sobre a AMBP3
O estopim da crise foi o pedido da subsidiária americana por um financiamento não reembolsável de US$ 3 milhões para custear o processo de Chapter 11. A Opportunity pede o bloqueio imediato da operação e descreve o acordo como uma manobra capaz de prejudicar credores e validar condutas que já vinham sendo questionadas. A gestora destaca que a unidade possuía mais de R$ 358 milhões em caixa consolidado no fim de 2024 e que o segmento de resposta a emergências mantinha performance positiva, o que torna a solicitação de ajuda financeira difícil de justificar.
A Ambipar, cujo pedido de recuperação judicial foi aprovado em outubro no Brasil, argumenta que a consolidação das 71 empresas incluídas no processo facilita a elaboração do plano, preserva empregos e organiza um passivo estimado em cerca de R$ 10 bilhões. Outras 16 companhias ficaram fora por não possuírem garantias cruzadas ou participação direta nas dívidas.
Minoritários pressionam e aumentam o isolamento da Ambipar
A ofensiva da Opportunity foi acompanhada por novas ações de sócios minoritários de controladas lucrativas que afirmam que a holding passou a drenar o caixa das subsidiárias por meio de transferências diárias iniciadas logo após o pedido de recuperação judicial. Para esses acionistas, várias delas estavam solventes e foram incluídas no processo sem aprovação em assembleia, violando estatutos sociais e acordos de acionistas. Quatro controladas, entre elas Drypol Ambipar Environmental Pet Solutions e Ambipar Environment Circular, já contestam formalmente sua inclusão.
A empresa afirma que a consolidação do grupo é essencial para viabilizar a reestruturação. No entanto, entre cortes brasileiras e americanas, cresce a percepção de que a sobrevivência da AMBP3 dependerá da capacidade de reconstruir confiança num momento em que as acusações se acumulam e o mercado monitora cada movimento do grupo.
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