A AES Tietê Energia comunicou ontem (05) aos seus acionistas e o mercado em geral que submeteu à Renova Energia S.A. proposta para a aquisição da totalidade da participação acionária representativa do capital social das sociedades de propósito específico que compõem o Complexo Eólico Alto Sertão III.
Segundo o informado, a operação está sujeita ainda, além da necessária aceitação, à negociação dos documentos definitivos, condições precedentes e à obtenção das aprovações necessárias para a sua conclusão.
A companhia informou o seu comunicado salientando que manterá o mercado e seus acionistas oportuna e adequadamente informados sobre os fatos subsequentes.
É interessante destacar, no que diz respeito ao comunicado acima, que o Complexo Eólico Alto Sertão III fica localizado no sudoeste da Bahia, na região que engloba cidades como Caetité e Igaporã.
Adicionalmente, de acordo com fato relevante divulgado pela Renova, a proposta vinculante também envolve aproximadamente 1,1 GW em determinados projetos eólicos em desenvolvimento.
No mesmo documento, a Renova destacou também que ainda não analisou proposta da AES Tietê e que “vem estudando outras possibilidades” para equacionar a sua estrutura de capital.
Vale acrescentar, ainda, que o Alto Sertão III terá cerca de 390 megawatts em capacidade quando concluído.
O empreendimento negociou parte da produção futura em leilão realizado pelo governo federal em 2013, sendo que a outra parte foi negociada no mercado livre de eletricidade junto à Light, mas o contrato foi parcialmente suspenso de junho a dezembro de 2018, segundo o balanço da companhia.
Segundo o Valor, a proposta avalia o ativo em cerca de R$ 1,6 bilhão, sendo pouco mais de R$ 1 bilhão em assunção de dívidas e cerca de R$ 250 milhões em pagamentos aos fornecedores.
A Renova, por sua vez, deve embolsar cerca de R$ 350 milhões.
Vale lembrar que, recentemente (em meados de setembro), a AES Tietê Energia concluiu a aquisição da totalidade das ações representativas do capital social de cinco sociedades de propósito específico, compondo o Complexo Solar Guaimbê, todas subsidiárias da Cobra Brasil Serviços, Comunicações e Energia S.A.
Ainda em relação a esse acontecimento, vale ressaltar que o investimento original antes de ajustes de working capital era de R$ 650 milhões e que, após os ajustes de working capital, o investimento foi de R$ 607 milhões, composto basicamente por:
– Aquisição das ações representativas do capital social das SPEs no montante de R$ 137 milhões, ainda sujeitos a ajustes usuais em operações dessa natureza, o que as partes esperam que ocorra em 45 dias após a data do fechamento da operação, pagos com recursos disponíveis em caixa; e
– R$ 470 milhões subscritos sob a forma de debêntures emitidas pelas SPEs e adquiridas pela companhia;
Já no que diz respeito ao Complexo Solar Guaimbê, é interessante destacar que, com 150 MW de capacidade instalada e PPA de 20 anos, o complexo já se encontra em operação comercial e tem projeção de acréscimo de Ebitda anual, já atualizado por inflação, no intervalo entre R$ 75 milhões e R$ 85 milhões para o resultado consolidado da AES Tietê.
Ainda, Guaimbê é o primeiro grande investimento em energia solar no Estado de São Paulo.
No mais, continuamos avaliando a AES Tietê Energia como uma empresa que atua no qual dificilmente existirá uma “falta” de demanda no futuro e, apesar das fontes de energia elétrica apresentarem uma tendência de se tornarem cada vez mais limpas e renováveis, os recentes processos de investimentos da AES Tietê em fontes de energia alternativas demonstram um interesse muito grande por parte de sua gestão em se adaptar a essa nova realidade que tende a ser cada vez mais intensa num futuro próximo.
Neste sentido, inclusive, enviamos a nossos assinantes, no relatório Suno Dividendos de 14 de setembro de 2017, uma entrevista com a equipe de Relações de Investidores da AES Tietê, na qual foram esclarecidos pontos interessantes em relação às estratégias de expansão da empresa, que envolve muitos investimentos com o objetivo de tornar, como já mencionado anteriormente, 50% do seu Ebitda proveniente de fontes renováveis no médio prazo.
Gostamos muito dessa companhia e acreditamos, ainda, que o mercado possa a vir a interpretar de maneira antagônica essa nossa visão, o que poderia acarretar, nos próximos pregões, em boas janelas de oportunidades de entrada neste ativo a preços mais descontados.
Leia mais sobre Radar do Mercado