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Radar do Mercado: Cemig (CMIG4) – Companhia comunica emissão de dívida para cobrir compromissos financeiros do passado

A Companhia Energética de Minas Gerais – Cemig – comunicou ontem (12) à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), à B3 – Brasil, Bolsa, Balcão e ao mercado em geral que sua subsidiária integral, a Cemig Geração e Transmissão (Cemig GT), precificou, na mesma data, US$500 milhões através da reabertura dos Eurobonds emitidos originalmente no dia 05 de dezembro do ano passado.

Segundo o informado pela estatal mineira, a emissão adicional foi precificada com um yield de 9,14% a.a., com liquidação prevista para o próximo dia 18 e vencimento em 2024, porém na mesma data da emissão original.

“Esta emissão está alinhada com a estratégia da Cemig de alongamento da dívida e redução das despesas financeiras, uma vez que os recursos levantados com esta emissão serão destinados para o pagamento de dívidas com vencimento nos próximos meses e o custo final desta captação, após proteção cambial, sujeito às condições de mercado na data da liquidação, deverá ser inferior ao custo médio das dívidas que serão liquidadas”, ressaltou a companhia em seu comunicado feito sob a assinatura de Maurício Fernandes Leonardo Júnior, Diretor de Finanças e Relações com Investidores da Cemig.

Por fim, a companhia ressaltou que a demanda inicial para a operação alcançou um montante superior a US$1 bilhão, o que representa mais de 2 vezes a oferta feita.

“Este fato demonstra, mais uma vez, a confiança do mercado investidor na gestão, estratégia e fundamentos da Cemig”, finalizou.

 

Há de se entender, em relação ao comunicado feito pela Cemig, que boa parte da demanda inicial informada para a operação – que alcançou um montante superior a US$1 bilhão, o que representa mais de 2 vezes a oferta feita – pode ser explicada pelo atrativo yield de 9,14% a.a. que a companhia ofereceu no âmbito da operação.

Já no que tange o seu endividamento, segundo o informado pela companhia em seu resultado operacional enviado ao mercado no primeiro trimestre desse ano, a estatal mineira possui um total de dívida total consolidada de pouco mais de R$ 13,6 bilhões, com boa parte desses compromissos com vencimento de médio prazo.

É possível perceber, acima, que o seu patamar de compromissos financeiros se encontra, de fato, bastante elevado nesse momento, e nesse sentido, é difícil julgar até que ponto a emissão de nova dívida para cobrir dívidas do passado (ainda mais com o oferecimento de um yield bastante esticado), pode se mostrar uma decisão saudável.

No mais, vale lembrar que o Grupo Cemig comercializa energia através das companhias Cemig Distribuição, Cemig Geração e Transmissão, e companhias subsidiárias integrais – Horizontes Energia, Sá Carvalho, Cemig PCH, Rosal Energia, Cemig Geração Camargos, Cemig Geração Itutinga, Cemig Geração Salto Grande, Cemig Geração Três Marias, Cemig Geração Leste, Cemig Geração Oeste e Cemig Geração Sul.

Este mercado consiste na venda de energia para consumidores cativos, na área de concessão no estado de Minas Gerais; clientes livres no estado de Minas Gerais e em outros estados do Brasil, no ACL – Ambiente de Contratação Livre; outros agentes do setor elétrico – comercializadores, Geradores e produtores independentes de energia, e distribuidoras no ACR – Ambiente de Contratação Regulada.

Já a Cemig Geração e Transmissão – Cemig GT – é uma das maiores geradoras do país, formada por 109 usinas, sendo 79 hidrelétricas, 2 termelétricas e 27 eólicas e 1 solar.

No mais, percebe-se que a situação da Cemig ainda se encontra bastante desafiadora nesse momento, com uma situação de dívida bastante alta, e dificuldade de gerar caixa de maneira compatível com seus resultados de performance operacional.

Não bastasse a desafiadora situação atuando em um setor que consideramos ser um dos mais perenes do Brasil, o fato da companhia ser uma estatal – controlada pelo Estado de Minas Gerais – também nos deixa bastante incomodados com o case.

Independentemente do partido político em questão, entendemos que as estatais, como um todo, tendem a deixar os interesses dos minoritários sempre em último plano, e os números da Cemig desse trimestre reforçam bem esse nosso pensamento.

Por conta disso, seguimos de fora desse case por tempo indeterminado.

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