Quando você for fazer uma negociação de ações lembre-se que do outro lado de cada transação existe outra pessoa que acredita estar fazendo um bom negócio.
Muitas vezes essa pessoa acompanha aquela ação há mais tempo. Esta pessoa pode ser mais inteligente, ser mais preparada, ser mais bem informada, ter mais recursos, ser mais experiente e inclusive gostar mais de dinheiro do que você.
Este é um dos motivos pelos quais eu sempre falo que não existe dinheiro fácil no mercado.
Pois para existir dinheiro fácil é necessário que exista alguém do outro lado da negociação disposta a perder dinheiro de maneira recorrente.
Eu não conheço ninguém quem gosta de perder dinheiro de maneira recorrente. Você conhece?
Por isso, investimentos é um desafio de cérebro contra cérebro.
Para ganhar você precisa ser melhor do que a sua contraparte na negociação. Simples assim.
Lógico que imprevistos acontecem, nada impede você fazer uma analise perfeita que indica a compra de um papel, e logo em seguida entram dois aviões nas torres gêmeas em NY e as suas ações que você comprou caem 20% em poucos dias.
O que eu tenho a dizer sobre isso?
Primeiro, coisas assim acontecem. São raras, mas acontecem. E, ao longo do tempo, a sorte também ajuda em outros momentos e compensa matematicamente os momentos de azar.
No final a habilidade prevalece.
Segundo, no longo prazo as quedas por fatores externos tende a se corrigir.
Quem comprou ações da ITSA4 um dia antes do dia 11 de setembro, perdeu 10% no dia seguinte com o atentado.
Mas quem segurou os papeis ganhou mais de 20 vezes o capital investido.
Se no final é cérebro contra cérebro, o que é preciso para ter o melhor cérebro e assim ter a melhor analise para tomar a melhor decisão de investimento?
É preciso se dedicar. É preciso ter conhecimento. É preciso ir atrás da melhor informação para balizar suas decisões.
Investir é mentalmente desafiador. Para alguns o xadrez é um desafio cerebral que atrai. Para outros é o poker.
Para outros pode ser jogar paciência no computador.
Para nós investidores o desafio é pegar diversas peças de informação e assim montarmos o nosso quebra-cabeças.
O investidor precisa ser multidisciplinar.
Precisa entender de contabilidade, de estratégia empresarial, de motivação pessoal, de números, precisa entender de competição, precisa entender até de psicologia.
Não é algo fácil como 1 + 1.
E dependendo do seu grau de formação, é natural que investidores diferentes cheguem a conclusões diferentes sobre uma mesma empresa.
Recentemente, me envolvi em uma disputa saudável a respeito de uma analise das Forjas Taurus com outro analista a respeito de Forjas Taurus. O debate foi inclusive exposto pela imprensa.
Obviamente ficamos felizes com o resultado de nossa analise até agora (os papeis caem mais de 30% desde nossa indicação de ficar de fora), mas isso não garante que estamos certos. Pode ser apenas um movimento de mercado.
Quem assina nossos relatórios poderia ter se salvado, ao menos por enquanto, desta severa perda.
Quem está certo?
Só saberemos no final.
Mas uma coisa que eu sei é que analise é cérebro contra cérebro.
Não é promessa de ganho contra promessa de ganho.
Não é um jogo de que quem promete mais retorno rápido ganha.
Talvez quem faz a maior promessa até ganhe o cliente, mas não ganhará dinheiro para os clientes.