OAB diz que PEC dos precatórios é ‘tentativa de calote repaginada’

A Ordem dos Advogados do Brasil divulgou nota técnica neste sábado (6) classificando a PEC dos precatórios, aprovada em primeiro turno na Câmara dos Deputados, como ‘flagrantemente inconstitucional’ e uma ‘tentativa de calote repaginada’.

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De acordo com a entidade, o texto da PEC dos Precatórios viola ‘a separação dos poderes, o ato jurídico e a coisa julgada’ e vai de encontro à jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que já declarou inconstitucionais algumas alterações previstas na proposta, como o parcelamento de precatórios e a sua correção monetária por meio da taxa Selic.

No documento, os advogados ainda reforçam que houve irregularidades na aprovação da PEC que abre espaço de R$ 91,6 bilhões no Orçamento de 2022 para o pagamento do Auxílio Brasil e outros gastos às vésperas da eleição presidencial. Na sexta-feira (5), a OAB já havia apontado os descumprimentos do regimento interno da casa legislativa durante a votação no texto, indicando que estava estudando ‘possíveis ações legais’ para suspender a mesma.

No entanto, a PEC já é alvo de questionamentos no Supremo Tribunal Federal em ações impetradas pelo PDT e por um grupo de seis deputados de diferentes legendas. Os processos foram distribuídos para relatoria da ministra Rosa Weber e pedem que o tema seja enfrentado antes da votação em 2.º turno, prevista para terça-feira.

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PEC dos precatórios é aprovada com margem apertada no primeiro turno

A votação da PEC no primeiro turno se deu na madrugada desta quinta-feira (4), após dias de negociações, pressão sobre a oposição, promessas de emendas parlamentares. Lira trabalhou ao longo do dia pela vitória, inclusive tendo votado a favor do texto – o presidente da Câmara pode se abster das votações. A margem foi apertada, mas o governo Jair Bolsonaro conseguiu 312 votos favoráveis ao texto.

Como mostrou o jornal O Estado de S.Paulo, em busca de apoio para a PEC dos Precatórios, o presidente acelerou a liberação de dinheiro a deputados na véspera da votação. Desde que texto chegou ao plenário da Câmara, o governo empenhou R$ 1,2 bilhão das chamadas emendas de relator-geral – o mecanismo do orçamento secreto. Segundo relatos feitos aos repórteres Breno Pires e André Shalders, o valor oferecido por interlocutores do Palácio do Planalto pelo voto de cada parlamentar foi de até R$ 15 milhões. Quem coordenou as negociações foi o próprio presidente da Casa, Arthur Lira (Progressistas-AL).

(Com informações do Estadão Conteúdo)

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Poliana Santos

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